Tratamento de adolescente com doença rara mobiliza Jacarezinho
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terça-feira, 11 de outubro de 2016
Marcos André de Brito<br>Especial para a FOLHA
Jacarezinho - Para possibilitar ao filho Gustavo Mello de Oliveira, de 15 anos, recuperar pelo menos parte dos movimentos dos músculos, o empresário Adriano José de Oliveira, pai do garoto, custeou a primeira fase do tratamento do outro lado do mundo, na Tailândia. Para isso, ele teve que se desfazer de parte do patrimônio e complementar o restante com a venda de uma rifa entre amigos e familiares. O tratamento custou cerca de R$ 160 mil.
O adolescente tem uma doença rara, a distrofia muscular de Duchenne, que o impede de fazer movimentos simples, como levar um garfo com comida à boca. Os pais descobriram a enfermidade quando ele completou seis anos. Aos nove, Gustavo já não caminhava mais. A doença é degenerativa e incapacitante. A terapia na Tailândia representa a única esperança para a família. "O tratamento com células-tronco não promove a cura, mas melhora a qualidade de vida do paciente", explica Adriano Oliveira, que está buscando recursos para voltar com o filho à Tailândia no ano que vem, para dar continuidade ao tratamento.
MOBILIZAÇÃO
Um grupo de amigos de Jacarezinho também se mobilizou para ajudar Gustavo a manter o tratamento. Para isso, vão promover o Motor Show, evento que contará com apresentações musicais, praça de alimentação e exposição de motos e jipes. Toda a renda será revertida para o tratamento de Gustavo Oliveira. O Motor Show acontece no sábado, a partir das 11 horas, na sede do grupo Mike Maluko, na Avenida Brasil 864, em Jacarezinho.
A primeira viagem à Tailândia foi custeada com recursos próprios do empresário que ficou 25 dias com o filho em tratamento, acompanhado da esposa, mas o dinheiro não é suficiente para garantir o tratamento em 2017. No país asiático, Adriano Oliveira contou com apoio de jogadores brasileiros que atuam no futebol tailandês, como é o caso do mineiro Raphael Botti e do santista Douglas Freitas, que auxiliaram o empresário no tratamento com o filho.
POLÊMICA
O tratamento com células-tronco é contestado por médicos brasileiros e não tem o aval do Ministério da Saúde (MS). Pacientes de várias regiões do País têm ingressado com ações na Justiça para que a União custeie o tratamento, que custa em média R$ 130 mil. Na Tailândia, o tratamento é feito no Better Being Hospital, que mantém uma versão do site em português e conta com tradutor fixo para o idioma em Bangkok, tamanha a demanda.
Desde 2014, cerca de 80 brasileiros já se submeteram ao tratamento. As células-tronco são fornecidas ao hospital tailandês pela Beike Biotech, segundo Ivory Souza Júnior, representante da empresa chinesa no Brasil. O tratamento com células-tronco é feito também para doenças como paralisia cerebral, lesão medular, distrofia e problemas de visão.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), há um único tratamento de células-tronco regulamentado no Brasil e oferecido pelo SUS, mas utilizado apenas em casos de leucemia e outros tipos de câncer.
No caso do tratamento na Tailândia, as células-tronco são injetadas diretamente nos músculos. Gustavo recebeu sete doses. Cada dose custa, em média, 4.500 dólares, cerca de R$ 14.500. Ainda segundo o MS, há outros tratamentos em caráter experimental, mas que não comprovaram eficácia. Embriões, fetos ou o cordão umbilical fornecem as células-troncos, que de maneira escassa, também estão presentes em adultos. A técnica é uma grande aposta da ciência, mas a eficácia do tratamento foi constatada apenas em terapias utilizadas para tratar algumas doenças relacionadas a problemas sanguíneos, de medula óssea e em algumas disfunções do sistema imunológico, conforme informações da Sociedade Internacional para a Pesquisa com Células-Tronco.
MOTOR SHOW NA CAMPANHA
QUANDO: sábado (dia 15), a partir das 11 horas
ONDE: sede do grupo Mike Maluko, na Av. Brasil 864 - Jacarezinho