Cornélio Procópio - O Sindicato dos Profissionais da Educação (Sinpro) – representante de trabalhadores vinculados a estabelecimentos educacionais particulares de Londrina e região – anunciou, após reunião na última segunda-feira (23), que os professores e funcionários da Faculdade Dom Bosco, em Cornélio Procópio, entraram em greve. A instituição, que possui 850 alunos, está sem realizar pagamento de salários, Fundo de Garantia, 13º e férias, desde agosto de 2016. "Tentamos negociar de todas as formas possíveis. A greve foi nosso último recurso", afirma o presidente do Sinpro Londrina, Luiz Fernando Cunha.

Até terça-feira (24) a instituição abriu normalmente, com matrículas sendo realizadas e o setor administrativo funcionando. A previsão é que as aulas retornem no dia 20 de fevereiro. Embora não tenha havido uma assembleia geral que deflagrasse o movimento, o sindicato reforça que pelo menos 60% dos professores não devem voltar às salas de aula. Os administradores, no entanto, dizem que o percentual não chega a 50%. Levantamento realizado pela reportagem aponta que o descontentamento seria maior em cursos como Educação Física, Fisioterapia, Farmácia e Direito.

Conforme Cunha, em outubro foi realizada uma assembleia, na qual foi estipulado um acordo para que o pagamento dos atrasados se realizassem a partir de dezembro, divididos em seis parcelas. "Mas não houve o cumprimento do acordo e os professores e funcionários estão até hoje sem receber", afirma.

A reportagem conversou com três professores, de cursos diferentes da instituição, que não quiseram se identificar. "Demos aulas até o fim do semestre sem receber, por acreditar na faculdade. É uma instituição boa, com alunos ótimos, é uma pena que as coisas tenham chegado a este ponto. Mas quando vemos colegas tendo que fazer empréstimos para pagar contas, tirando filhos de escolas particulares, tivemos que tomar medidas drásticas".

Outro professor relatou que funcionários residentes em Cornélio ou que dependam exclusivamente da instituição, têm recebido parte do salário. "Mas quem é de fora, ou que possui outros vínculos, são os mais prejudicados. É uma situação complicada, porque, por mais que tenhamos outras rendas, a gente conta com esse dinheiro, fizemos planos com ele. Tem gente que era independente e agora precisa do apoio do marido ou dos pais, isso é muito ruim".

O presidente do sindicato diz que entende que muitas faculdades particulares passam por problemas em função da falta de repasses do Fies. "Mas nosso sindicato atende instituições de 59 municípios e não constatamos nenhuma situação que chegue ao ponto em que está a Dom Bosco ", afirma. Protestos devem ser realizados, segundo o sindicato, assim que as aulas retornarem, para sensibilizar alunos, professores e a comunidade.