Quem mora nas cidades menores, compreende a proposta como uma solução na diminuição de custos, mas discorda dos benefícios. Se unissem as cidades à sede da Comarca, algumas ficariam a mais de 30 km da prefeitura e isolados do restante dos habitantes, o que gera preocupação em não receber atendimento adequado.
Barra do Jacaré (2.727 habitantes) possui o maior IDH entre as 11 cidades listadas. Segundo documento do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), o município ocupa o 45º lugar no ranking estadual, com 0,744. Em 1991, ocupava a 111º posição e em 2000, a 36ª. Caso a fusão se confirmasse a cidade que a receberia seria Andirá, com o IDH de 0,725, 98ª posição. Ana Cláudia de Carvalho, recepcionista de um comércio em Barra do Jacaré, acredita que a cidade corre o risco de ser abandonada e voltar a ser como era antes. "Que interesse o prefeito de lá vai ter? São dois mil habitantes daqui contra os 20 mil de lá. Seria uma regressão total! Aqui antes não era nada, uma vila, um sítio, hoje está melhor. As pessoas que moram nos sítios em volta dependem da nossa prefeitura, como elas vão ficar?", questiona.
Odimar Rafaeli Vida, presidente da Associação Comercial de Conselheiro Mairinck (3.636 habitantes), também não concorda com a proposta. O comerciante vive há 36 anos na cidade e acredita que poderia debilitar o atendimento às necessidades básicas, que, segundo ele, já não é dos melhores e que pode piorar com a distância. Em relação à diminuição de custos, propõe equilíbrio fiscal e boa gestão. "O salário de vereador e prefeito poderia ser de acordo com o tamanho da cidade, não precisa ser alto", propõe ao comparar com Santo Antônio da Platina, cidade de 42.707 habitantes que conseguiu reduzir os salários de vereadores para R$ 970,00, em 2017, enquanto Conselheiro Mairinck paga o salário de
R$ 2.250,00.
Um novo município com mais de 18 mil habitantes não é bem aceito pelo radialista Osmar Gonçalves, da rádio comunitária de São Jerônimo da Serra. Para quem herdaria mais dois municípios, ele reclama que o município já passa por dificuldades, como falta de ambulância e condução de saúde para outras localidades. "Se uma prefeitura tem problemas em administrar uma cidade, imagina se vierem mais duas". O morador acredita que os mais prejudicados seriam os habitantes de Nova Santa Bárbara, onde, segundo ele, há mais organização e maior fiscalização. "Se houver a fusão, o mínimo que precisa ter é uma nova eleição, porque os moradores de lá não escolheram esse governo. No fim, seria um choque entre a população das três cidades", finaliza. (L.T.)