Com capacidade para 21 presos, Cadeia Pública de Ibaiti está com quase 160 homens e mulheres detidos
Com capacidade para 21 presos, Cadeia Pública de Ibaiti está com quase 160 homens e mulheres detidos | Foto: Gilson Sarrafho/Divulgação



A Polícia Civil, com o apoio da Polícia Militar, cumpriu nesta terça-feira (16), 35 mandados de prisão em Ibaiti, Pinhalão e Japira, que culminaram com a prisão de 20 pessoas suspeitas de tráfico de drogas e que fariam parte de uma quadrilha chefiada de dentro da PEP 2 (Penitenciária Estadual de Piraquara). Batizada de Panóptico, a operação foi coordenada pelo delegado titular da 37ª Delegacia Regional de Polícia em Ibaiti, Pedro Dini Neto, e contou com o apoio de 60 agentes, investigadores e policiais militares do 2º Batalhão da PM, com sede em Jacarezinho.

Em entrevista exclusiva para a FOLHA, o delegado afirmou que essa foi a maior operação de combate ao tráfico de drogas realizada em Ibaiti. Os presos, como informou, são os responsáveis por boa parte da droga distribuída e vendida em várias cidades da região

Na ação, iniciada às 5 horas, a polícia ainda cumpriu outros 24 mandados de busca e apreensão em endereços da cidade onde foram encontradas porções fracionadas de maconha e cocaína e um simulacro de arma de fogo. Entre os 20 presos, nove são mulheres suspeitas de fazer parte da quadrilha. Outros 14 mandados de prisão também foram cumpridos dentro da própria cadeia pública.

A quadrilha de traficantes estava sendo investigada há pelo menos três meses pelo setor de inteligência da Polícia Civil. O monitoramento dos investigadores descobriu uma minuciosa rotina de trabalho do grupo que operava como se fosse uma empresa com cargos de chefes, gerentes, estocadores e vendedores. Parte das operações dos traficantes também era realizada a partir da cadeia de Ibaiti com a supervisão do chefe que estaria cumprindo pena por tráfico na PEP 2 em Piraquara. O nome do preso não foi revelado pela polícia.

Pedro Dini comemorou o resultado da operação e justificou que em julho de 2017, a 37ª DRP de Ibaiti dispôs de um número maior de investigadores. Nesse tempo, explica o delegado, foi possível organizar o setor de investigação da delegacia. "Isso prova que a Polícia Civil, minimamente estruturada, consegue fazer bem seu trabalho", justificou.

O nome utilizado para a operação (panóptico) é a concepção arquitetônica de um presídio, elaborada pelo jurista inglês Jeremy Bentham para facilitar a vigilância dos detentos.

Nas ações de busca e apreensão foram encontradas porções fracionadas de maconha e cocaína e um simulacro de arma de fogo
Nas ações de busca e apreensão foram encontradas porções fracionadas de maconha e cocaína e um simulacro de arma de fogo | Foto: Polícia Civil/Divulgação



SUPERLOTAÇÃO AGRAVADA
Com as prisões de ontem a superlotação na Cadeia Pública de Ibaiti ficou ainda mais grave, já que no local estão presos 131 homens e mulheres em um espaço que deveria abrigar apenas 21 detentos. O delegado titular até admitiu que, ironicamente, a operação desta terça-feira traz mais problemas para a rotina da carceragem e da delegacia. "Agora houve um acréscimo substancial da população carcerária, beirando o número de 160 presos, um recorde histórico, que certamente trará reflexos negativos."

No dia 12 de dezembro do ano passado, uma ação integrada entre as polícias civil e militar, com agentes do Depen (Departamento Penitenciário), frustrou mais uma tentativa de fuga dos presos. Em matéria publicada no último dia 27, a FOLHA denunciou a situação caótica da unidade. Na tarde do mesmo dia, 16 presos aproveitaram a movimentação do dia de visitas na cadeia para escavar um buraco na parede de uma das celas para fugir da prisão. Para piorar a situação, a cadeia funciona anexa à delegacia e a poucos metros do centro de Ibaiti.