Consumidores confiam na qualidade da carne ofertada pelo comércio nas cidades do interior
Consumidores confiam na qualidade da carne ofertada pelo comércio nas cidades do interior | Foto: Luiz Guilherme Bannwart/Divulgação



Santo Antônio da Platina - Os prejuízos causados pela Operação Carne Fraca – deflagrada pela Polícia Federal no dia 17 de março para desarticular uma organização criminosa liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio – ainda são contabilizados em todo o País e no exterior. No Norte Pioneiro, a exemplo das demais regiões do Paraná, a ação refletiu em todos os segmentos do setor, mas principalmente no que diz respeito à confiança dos consumidores em relação à procedência dos produtos de origem animal, principalmente a carne bovina. No entanto, segundo os empresários do ramo, os órgãos competentes agiram rápido para evitar maiores danos e a economia já apresenta sinais de recuperação.

Para o empresário José Carlos Molini, dono de quatro supermercados no Norte Pioneiro, o pior já passou. Ele reconhece o impacto causado pela Operação Carne Fraca, porém avalia que na região o problema se resumiu a questionamentos quanto à qualidade dos produtos. "Logo depois que o assunto tomou conta da mídia tivemos uma redução em torno de 10% nas vendas dos produtos embutidos e uma pequena porcentagem em relação à carne bovina, mas apenas por alguns dias. O que ocorre ainda são questionamentos sobre a qualidade dos produtos, o que é perfeitamente compreensível diante ao ocorrido. Apesar de toda a polêmica, as vendas estão normalizando e o problema deve ser superado em curto tempo, pois o que ficou claro nessa operação da PF são práticas de corrupção, em relação à qualidade dos produtos já se comprovou tratar de casos pontuais", pondera.

Nos açougues, porém, conforme apurou a reportagem da FOLHA, a queda nas vendas dos embutidos chegou a 60%. Se por um lado o faturamento com os produtos industrializados preocupa, por outro, grande parte do comércio nas cidades do interior é sinônimo de confiança pelos consumidores quando o assunto é a qualidade da carne. "Há 30 anos escolhemos o animal a dedo no pasto para oferecermos o melhor produto aos nossos clientes. Compramos os animais direto do pecuarista e respeitamos rigorosamente as normas de inspeção. Isso faz toda a diferença", avalia Alexandre de Castro Assis, dono da Casa de Carnes Castro, em Santo Antônio da Platina.

Entretanto, a queda na importação de carne bovina em consequência dos resultados da Operação Carne Fraca derrubou o preço da arroba do boi gordo e consequentemente o abate de animais. No Frigorífico Platina, por exemplo, mesmo negociando toda sua produção no mercado interno a matança foi reduzida em torno de 40% conforme apurou a reportagem. A direção da unidade foi procurada para comentar os dados e reflexos da crise, mas não retornou os contatos.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, apesar do Paraná estar no foco da Operação Carne Fraca, no Norte Pioneiro não há registro de estabelecimentos sob investigação. Conforme o gerente de serviço de inspeção de origem animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) em Jacarezinho, Carlos Henrique Siqueira Amaral, até o momento não há constatação de irregularidades nos estabelecimentos certificados e as fiscalizações ocorrem normalmente por parte dos órgãos federal e estadual.

Já nos estabelecimentos comerciais como supermercados, açougues, bares, restaurantes e lanchonetes haverá uma força-tarefa por iniciativa da 19ª Regional de Saúde de Jacarezinho em conjunto com os Departamentos de Vigilância Sanitária dos 22 municípios subordinados ao órgão para fiscalizar a qualidade dos produtos oferecidos aos clientes. O chefe regional da Divisão da Vigilância em Saúde, Ronaldo Trevisan, informa que em casos de irregularidades os produtos serão retirados de circulação e o estabelecimento responsabilizado.