Imagem ilustrativa da imagem Modelo de produção e sustentabilidade
Sítio Boa Vista, em Santa Amélia, é todo integrado; criação de gado leiteiro fornece esterco para a produção de hortifrutis na propriedade
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"Quando você começa, imagina que para ser orgânico é só substituir o insumo, mas depois percebe que é mais do que isso. É você trabalhar com um calendário lunar, ter um solo mais vivo, um ambiente equilibrado", frisa Issamu Higa



Santa Amélia - O sítio Boa Vista, em Santa Amélia, é uma referência na região quando o assunto é produção orgânica e sustentabilidade. O produtor rural Issamu Higa, de 70 anos, é adepto da agricultura biodinâmica, uma vertente da orgânica, que utiliza o calendário lunar para fazer o plantio e adota fertilizantes preparados de forma natural na propriedade.
Higa não se intitula agricultor, afirma que está agricultor. Ele morava na capital paulista e há uns 20 anos decidiu assumir o sítio do sogro. Na época, o sítio cultivava café convencional, mas ele resolveu mudar para o orgânico. Com a crise do café, aos poucos foi migrando para os hortifruti.
Hoje, não há mais plantação de café na propriedade de 54 hectares, dos quais, 30 são cultivados com legumes, hortaliças, frutas e milho. A diversidade de produtos permite a rotação de cultura. "É uma questão de sobrevivência, por causa do manejo e da rentabilidade", justifica Higa a escolha do tipo de produção.
A propriedade é toda integrada. A criação de gado leiteiro fornece o esterco para a produção de hortifruti. Para fazer o manejo do gado, há uma criação de galinhas. "Elas espalham o esterco evitando moscas e comem o carrapato", explicou Higa. As sobras da produção alimentam os suínos.
O agricultor define a agricultura orgânica como um processo que busca um equilíbrio ambiental. "Quando você começa, imagina que para ser orgânico é só substituir o insumo, mas depois percebe que é mais do que isso. É você trabalhar com um calendário lunar, ter um solo mais vivo, um ambiente equilibrado", frisa.
O sítio atende sete clientes de São Paulo, algumas feiras e vende para clientes que compram direto na propriedade. "Na agricultura orgânica é preciso um planejamento maior. Você tem que considerar a vocação da sua propriedade", revela Higa.
Para ele, existe uma dificuldade grande dos agricultores se adaptarem ao modelo orgânico, pois é algo que exige um planejamento maior. Higa conta que, uns 30 agricultores começaram com ele na agricultura orgânica, mas hoje apenas uns três continuam.
"A agricultura química deixa a pessoa acomodada, você não tem que pensar e sim seguir uma receita. As pessoas têm dificuldade de se adaptar à agricultura orgânica, porque você tem que trabalhar com planejamento. Essa habilidade o agricultor está perdendo", avalia. (A.M.P.)