Nas faixas levadas pelos empresários o protesto era endereçado à juíza titular da 2ª Vara do Trabalho
Nas faixas levadas pelos empresários o protesto era endereçado à juíza titular da 2ª Vara do Trabalho | Foto: Rubia Pimenta/Divulgação
Imagem ilustrativa da imagem 'Indústria de ações trabalhistas' mobiliza empresários em Cornélio



Cornélio Procópio - As decisões da juíza titular da 2ª Vara do Trabalho, Emília Simeão Albino Sako, têm provocado a insatisfação da classe empresarial de Cornélio Procópio e região. Na última sexta-feira (9), cerca de 400 pessoas participaram de um protesto em frente ao prédio Justiça do Trabalho na cidade. O grupo era formado por empresários, comerciantes e funcionários de uma grande empresa da cidade, que foram dispensados para participar do ato. Muitos comerciantes baixaram as portas de seus estabelecimentos até o meio-dia em apoio ao movimento. Em nota enviada exclusivamente à FOLHA, a juíza negou todas acusações (veja box abaixo).
Durante a semana, um panfleto assinado por um grupo identificado como Movimento de Ação Popular (MAP) chamou a população para o protesto. Entre os principais argumentos estaria o fato de que Cornélio possui um número exacerbado de processos, quando comparado a outras cidades do mesmo porte, insinuando a existência de uma "indústria de ações trabalhistas". Os manifestantes também ressaltaram que há condenações exageradas, que teriam causado o fechamento de empresas locais, além de ser um entrave para a atração de novos empreendimentos.
Os manifestantes alegaram não ter um líder. "O movimento é formado por todos que estão aqui indignados", disse o advogado das empresas Comtrafo e Eletrotrafo, Mauro Mateus Vergara. Ele reclamou também de um suposto tratamento desigual em relação ao empresário por parte da juíza. "As testemunhas e advogados dos empresários não recebem o mesmo tratamento cordial, são muitas vezes tratados como pessoas desonestas", afirmou. O grupo acusa a juíza de beneficiar dois grandes escritórios de advocacia da cidade ligados à área trabalhista.
O empresário Euclides Morato esteve no manifesto por conta de sentenças que considera exacerbadas. "Tive duas empresas, cheguei a ter 24 funcionários, mas sofri várias ações, tendo que pagar mais de R$ 100 mil para trabalhadores. Eu procurava fazer tudo dentro da lei, mas não há empresário que aguente esse quadro", reclamou.
O empresário do ramo da construção civil Marcelo Oliveira relatou seu temor em iniciar novos empreendimentos na cidade. "Tem advogados que contratam pessoas para ficarem na porta das empresas incentivando os trabalhadores a entrarem com processos contra os empregadores. É assim que a indústria das ações cresceu em Cornélio e vem acabando com a cidade".
O funcionário de uma empresa, Rodolfo Paludeto, afirmou que participava do ato para que não haja mais desemprego. "Essa cultura de entrar com ações trabalhistas de forma irresponsável é ruim para os próprios funcionários. Sabemos que essas indenizações estão ameaçando várias indústrias da cidade. Se eu perder meu emprego, por exemplo, não sei onde conseguirei outro, por isso estou protestando. A cidade precisa atrair e não repelir empresas", afirmou.
Segundo Vergara, o protesto não questiona a importância da Justiça do Trabalho. "Criticamos os excessos. Acredito que, diante das dificuldades econômicas do País e especialmente da região, que não apresenta crescimento há alguns anos, a Justiça tem que trabalhar para proporcionar o crescimento, e não causar demissões, fechamento de empresas, por meio sentenças desproporcionais à capacidade das empresas locais". Ele ressaltou que os recursos na Justiça do Trabalho são dispendiosos, e os custos com advogados alto, dificultando a defesa das empresas.