O advogado Celso Antônio Rossi: "Formamos uma equipe muito dedicada, que conseguiu consolidar o nome que a faculdade honra até hoje"
O advogado Celso Antônio Rossi: "Formamos uma equipe muito dedicada, que conseguiu consolidar o nome que a faculdade honra até hoje" | Foto: Thainá Mosquini/Divulgação



Jacarezinho – O curso de Direito da Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná) comemora este ano 50 anos da sua criação, quando foi instituído por meio da Lei estadual nº 5.593, de 18 de julho de 1967. É o quinto curso de Direito mais antigo do Paraná. Desde então, uma longa e ascendente trajetória se configurou. O advogado de Jacarezinho, Celso Antônio Rossi, lecionou na instituição por mais de 30 anos e foi um dos criadores da então Fundinopi (Fundação Faculdade de Direito do Norte Pioneiro). "No início era uma fundação. Os alunos pagavam uma mensalidade muito baixa. Havia também bolsas de estudo e programas de financiamento. Assim funcionou até a estadualização e posterior integração à Uenp, em 2006", lembra.

Atualmente o curso possui 350 alunos de graduação, mestrado e doutorado (o único doutorado público do interior do Paraná), está em 8º lugar no ranking nacional do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) e possui o selo "OAB Recomenda", em função do grande número de aprovados no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

O advogado conta que na década de 1960, Jacarezinho era uma cidade economicamente forte, em função da alta valorização do café. "Havia uma movimentação intensa por parte dos advogados e políticos para a criação do curso. As conversas ganharam estopo no Lyons Clube, e teve como um dos grandes incentivadores o então juiz, que mais tarde foi desembargador e primeiro diretor da faculdade, Aroldo Bernardo da Silva Wolf. Formamos uma comissão e fomos conversar com o governador Ney Braga. Ele era muito ligado a Jacarezinho e foi bastante acessível", lembra Rossi, que trabalhou como cabo eleitoral de Braga na época.

Após a aprovação da lei que instituiu o curso de Direito, houve intenso debate na cidade para decidir onde ocorreriam as aulas. "O bispo da época, Dom Pedro Filipak, chegou a oferecer o Palácio, onde eram seus aposentos, para iniciar as atividades do curso. Não foi preciso aceitar, pois conseguimos nos instalar no atual Colégio Estadual Rui Barbosa, na Avenida Manoel Ribas, e lá ficamos por quatro anos".

O prédio próprio, onde o curso funciona até hoje, foi concluído em 1972. Outra grande vitória foi a aprovação junto ao Conselho Nacional de Educação. Rossi lembra que o autor do projeto levado ao governo federal foi do então diretor da faculdade Rodrigo Otávio Gomes Pereira. "Em Brasília tinha uma pessoa de Jacarezinho que era membro do Conselho Federal de Educação, chamado Otávio Mazziotti. Ele auxiliou muito a aprovação do projeto em âmbito federal, tanto que o Diretório Acadêmico do curso de Direito leva até hoje o seu nome (DAOM)".

No início da década de 1970, o curso já estava integrado à rede estadual e com reconhecimento federal. Rossi, que foi diretor da faculdade duas vezes, se orgulha de ter criado o Escritório Modelo, que faz atendimento jurídico a milhares de pessoas carentes na região até hoje. "Formamos uma equipe de professores, composta por advogados, juízes e promotores, que ficou quase 20 anos junta. Uma equipe muito dedicada, que conseguiu consolidar o nome que a faculdade honra até hoje".

O advogado cita grandes nomes que já se formaram em Jacarezinho, como os atuais desembargadores do Tribunal de Justiça do Paraná Roberto de Vicente, José Carlos Dalacqua e Stewalt Camargo Filho, além do ex-procurador-geral do Ministério Público do Paraná, Gilberto Giacóia, que é professor de Direito Processual Penal até hoje na instituição.

O advogado, que dava aulas de Direito e Processo Civil, diz que até hoje se emociona ao entrar na faculdade. "Eu dava aula todos os dias. Vivi a faculdade por mais de 30 anos. Morava atravessando a rua. Quando entro naquele auditório, lembro que eu ficava sempre sentado naquela mesa no alto do palco, e hoje quase todos os meus companheiros já se foram, então é sempre uma emoção, mas é uma alegria, uma satisfação muito participar disso, ver tudo que a faculdade se transformou".