Quatiguá – Na segunda-feira, Quatiguá completou 68 anos de sua elevação a município e, atualmente, possui cerca de 7,1 mil habitantes e ainda guarda alguns rastros desse importante combate. Um deles é o monumento erguido no meio da Praça Expedicionário Eurídes Fernandes do Nascimento, em homenagem aos combatentes que morreram no conflito. "Mas poucos são os que sabem da importância histórica. A maioria não entende, nem eu sei muito", admite o secretário de Finanças, Administração e Planejamento de Quatiguá, Álvaro Simonete.
Entre a população mais velha, no entanto, muitos ainda contam casos de familiares que viveram aquele tempo. Entre eles o diretor de rádio Adailton Ribas Lopes, 68 anos. "Meu tio foi preso pelos rebeldes. Ele tinha uma fazenda com gado, e os soldados confiscaram tudo para se alimentarem. Ele contava que foi colocado em um buraco e obrigado a gritar ‘Viva Getúlio’", lembra.
Um fato histórico, tomado como lenda por alguns, é que existem muitos soldados paulistas enterrados sob o monumento da praça. "Existem os relatos da época de que isso é realmente verdade, mas até hoje não encontrei uma comprovação documental. Ninguém desenterrou nada na praça para confirmar", afirma o historiador Roberto Bondarik.
Segundo Bondarik, a chegada das tropas apavorou os moradores da pacata região na época. "Há relatos de que parte da população pensava que os gaúchos eram comunistas, outros diziam que eram assaltantes, baderneiros. Eles não tinham noção da revolução política que o país passava naquela época", analisa.
O radialista lamenta o fato desse capítulo da história do município estar se perdendo. "Como as pessoas que viveram aquela época morreram, a nova geração pouco sabe dessa história. Nem mesmo as escolas a trabalham muito. Pouco material, como livros ou informativos, existem na cidade. Acredito que é um patrimônio da nossa região, e deveria ser melhor preservado e divulgado para a comunidade", sugere Adailton Lopes. (R.P.)