Washington - Em uma dura derrota política para seu início de governo, o presidente americano, Donald Trump, retirou nesta sexta-feira (24) o polêmico projeto de reforma do sistema público de saúde, ao constatar que não teria os votos necessários para a sua aprovação.

Em discurso à nação do Salão Oval da Casa Branca, Trump disse ter ficado "desapontado" e um "pouco surpreso" com o revés. O presidente previu que o modelo atual "explodirá" e disse que agora vai se concentrar em reformar o sistema fiscal. "Provavelmente vamos nos mover de imediato para a reforma fiscal", disse o presidente no Salão Oval da Casa Branca. "Estivemos muito perto" de aprovar a polêmica reforma do modelo de saúde pública, "nos faltou talvez 10 a 15 votos". "Mas aprendemos muito com isto, foi uma experiência muito interessante", acrescentou Trump.

Em coletiva de imprensa, o presidente da Câmara de Representantes, Paul Ryan, afirmou ter falado com Trump para lhe dizer que "o melhor a fazer era retirar este projeto de lei, e ele concordou". Sem esconder sua frustração, Ryan disse que o atual sistema de seguros saúde "é a lei".

Os republicanos ocupam 237 cadeiras do total de 435 da Câmara de Representantes, e Trump precisava de 216 votos para aprovar sua proposta e sepultar o atual modelo do sistema público de saúde, conhecido como Obamacare. Mas a posição ultraconservadora da bancada republicana ficou irredutível, e os visíveis esforços da Casa Branca em busca de um acordo fracassaram.

Uma hora antes do horário previsto para a votação do projeto de lei, Ryan foi à Casa Branca informar Trump que o texto não seria aprovado "e o presidente lhe pediu que retirasse o projeto de lei", disse à AFP um auxiliar do influente legislador.


Trata-se de um grave tropeço político para Trump neste início de mandato, que arranha sua reputação e afeta sua capacidade de negociação com o Congresso. A substituição do Obamacare foi uma das principais promessas de campanha de Trump, que sempre qualificou o sistema de "verdadeiro desastre". Mas após sua posse, Trump e os legisladores do Partido Republicano perceberam que era preciso propor uma legislação alternativa, o que acabou por minar a unidade por trás do presidente.

O projeto de lei de Trump buscava recompor parte do sistema que vigorava antes do Obamacare (com seguros de saúde basicamente sem regulamentação), mas conservava alguns elementos da lei de Barack Obama, como a cobertura de doenças preexistentes na contratação de novas coberturas. Ainda asssim, a comissão do Congresso encarregada de estatísticas concluiu que o projeto apresentado por Trump deixaria 14 milhões de pessoas sem cobertura a curto prazo, cifra que poderia chegar a 20 milhões em alguns anos.

MEIO AMBIENTE

Donald Trump agradou empresários e irritou defensores do meio ambiente ao autorizar nesta sexta-feira a canadense TransCanada a construir o oleoduto Keyston XL, dando assim a aprovação final a um projeto congelado pelo governo de Barack Obama. "Hoje é um grande dia para os empregos nos Estados Unidos e um momento histórico para a América do Norte e para a independência energética", disse Trump. "Os oleodutos são muito mais seguros do que outras formas de transporte", afirmou, lamentando que o projeto tenha demorado muito.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, também se declarou "muito feliz" pela decisão e enfatizou o desejo do Canadá de ser sócio de Washington para ajudar os EUA a garantirem suas provisões energéticas.

Em um relatório publicado há dois anos, o Departamento de Estado calculou que a obra geraria 50 empregos permanentes e aproximadamente 42 mil diretos e indiretos durante a construção desse oleoduto de 1.900 km de extensão. Keystone XL atravessará cerca de 500 km de territórios canadenses de Alberta e 1.400 km dentro dos Estados Unidos até refinarias no Golfo do México.