Washington - Ao prestar juramento nesta sexta (20) como o 45º presidente dos Estados Unidos, o empresário Donald Trump assumirá a chefia da maior potência econômica e militar do mundo cercado de incertezas sobre o seu governo na pele do mandatário americano mais impopular a entrar na Casa Branca em décadas. O modo agressivo e nada convencional da campanha que levou pela primeira vez na história um não político à Presidência dos EUA, prenuncia uma ruptura drástica não só de estilo em relação a Barack Obama, mas também de conteúdo nas políticas que o país irá adotar nas esferas doméstica e externa.

O ambiente tóxico que dominou uma das disputas presidenciais mais polarizadas já vividas pelo país não arrefeceu após a eleição de 8 de novembro, em grande parte por iniciativa do próprio Trump, que continuou a disparar declarações polêmicas e críticas diárias aos que o questionam.
A conclusão da inteligência americana de que o governo russo orquestrou uma operação de ciberespionagem para favorecer Trump na campanha intensificou a desconfiança dos opositores.
Mais que oposição, a suposta interferência russa levou ao questionamento da legitimidade de Trump como presidente, como fez o deputado democrata John Lewis, ícone da luta contra a segregação racial no país. Decidido a não comparecer à posse, Lewis deflagrou um movimento que já recebeu a adesão de mais de 60 deputados democratas ao boicote, o maior número desde a guerra do Vietnã.

Trump não será o primeiro presidente americano a assumir o poder em meio a dúvidas sobre sua legitimidade. No caso mais recente, George W. Bush tomou posse cercado de desconfiança de boa parte dos americanos após vencer a eleição de 2000 após uma conturbada recontagem de votos e a intervenção da Suprema Corte. A diferença é que Trump pouco fez para baixar as chamas.
"Longe de acalmar o país, Trump lembrou a todos que se opuseram a ele em 8 de novembro o porque de o considerarem inadequado para a Presidência", escreveu o comentarista politico E.J. Dionne no "Washington Post".

Em contraste com sua personalidade, a posse de Trump será mais modesta que os anteriores, dividida entre a festa e o repúdio. Dezenas de manifestações estão planejadas por diversos grupos para mostrar sua oposição a Trump, que culminará com a marcha das mulheres, neste sábado (21).
Estima-se que 900 mil pessoas assistirão à posse, metade do público que acompanhou a chegada ao poder de Barack Obama, em 2009.