Líder americano enumerou feitos de sua gestão, como a recuperação da indústria automobilística e a abertura de um novo capítulo no relacionamento com Cuba
Líder americano enumerou feitos de sua gestão, como a recuperação da indústria automobilística e a abertura de um novo capítulo no relacionamento com Cuba



Nova York – O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, encerrou seu discurso de despedida na noite de terça-feira (10) em Chicago com a clássica frase que marcou sua primeira campanha eleitoral: "Sim, nós podemos". O dirigente ainda complementou com a frase "sim, nós fizemos" para falar dos avanços que ocorreram na maior economia dos mundo nos últimos oito anos. "Em dez dias, o mundo testemunhará uma marca distintiva de nossa democracia: a transferência pacífica do poder de um presidente livremente eleito para o próximo", afirmou Obama, referindo-se a Donald Trump, que toma posse no próximo dia 20.

Ao fazer um balanço de seu governo, Obama disse que conseguiu reverter a recessão gerada pela crise mundial de 2008, recuperar a indústria automobilística dos EUA, abrir um novo capítulo no relacionamento de Washington com Cuba e encerrar o programa nuclear do Irã sem disparar um tiro. Ao mesmo tempo, reconheceu que o progresso nos EUA tem sido desigual. "O trabalho da democracia sempre foi duro, contencioso e às vezes sangrento. Para cada dois passos para frente, muitas vezes parece que damos um passo para trás", disse Obama, que completou dizendo que os EUA continuam sendo a nação mais rica, poderosa e respeitada do mundo.

O presidente ressaltou também que deixa a Casa Branca ainda mais otimista com as perspectivas para os EUA do que quando ganhou nas urnas. O democrata destacou o papel dos imigrantes na história do país, mais uma alfinetada em Donald Trump, que planeja deportar milhões de imigrantes ilegais. "A América não foi enfraquecida pela presença desses recém-chegados. Eles abraçaram o credo desta nação, e ela foi fortalecida", disse Obama ao comentar a entrada de imigrantes no país.

Obama disse ainda que houve momentos na história dos EUA em que forças - como o terrorismo, aumento da desigualdade e mudanças demográficas - ameaçaram a segurança, a solidariedade e a prosperidade do país, e inclusive a democracia. De acordo com o presidente, se não forem criadas oportunidades para todos, a divisão e a insatisfação só vão ficar mais nítidas nos próximos anos. E citou ainda outra ameaça, que é a questão racial. Ponderou, porém, que a divisão de raças nos EUA está melhor agora do que há alguns anos.

Além disso, Obama apontou que a renda em 2016 nos EUA cresceu para todas as raças e faixas etárias, homens e mulheres. "Então, se vamos ser sérios sobre a questão racial, precisamos manter leis contra a discriminação - na contratação, na habitação, na educação e no sistema de justiça criminal." O presidente ressaltou, contudo, que só leis não serão suficientes para resolver a questão racial. "Os corações devem mudar. Não será uma mudança da noite para o dia. Atitudes sociais algumas vezes levam gerações para mudar."

Obama mencionou que outra ameaça à democracia ocorre quando um grupo de pessoas similares se junta em uma bolha, seja uma comunidade, uma igreja, uma rede social ou um colégio, e esse grupo concentra pessoas semelhantes e com a mesma visão política. Uma pessoa nunca questiona as hipóteses da outra. "E cada vez mais, ficamos tão seguros em nossas bolhas que aceitamos apenas informações, verdadeiras ou não, que se encaixam em nossas opiniões, ao invés de basear nossas opiniões nas evidências que estão lá fora." A política, concluiu Obama, é uma batalha de ideias.