São Paulo - A Suprema Corte da Rússia classificou nesta quinta-feira (20) as testemunhas de Jeová como uma organização "extremista" e determinou o confisco de suas propriedades pelo Estado. Pela decisão, devem ser fechadas 395 filiais das testemunhas de Jeová no país, além de sua sede nacional.

Segundo a agência de notícias Interfax, a advogada do Ministério da Justiça Svetlana Borisova disse ao tribunal que as testemunhas de Jeová "representam uma ameaça aos direitos dos cidadãos, à ordem pública e à segurança pública".

Representante das testemunhas de Jeová, Sergei Cherepanov disse que o grupo pretende recorrer da decisão à Corte Europeia de Direitos Humanos. "Faremos o que for possível", disse, segundo a Interfax.

Um dos líderes das Testemunhas de Jeová no país, Iaroslav Sivoulski, declarou estar "chocado" com a decisão. "Não pensava que algo assim poderia acontecer na Rússia moderna, onde a Constituição garante a liberdade de religião", disse. "Nossos fiéis se encontram agora em uma posição muito incômoda. Correm o risco de ser levados ante a justiça", acrescentou Sivoulski, que garantiu, no entanto, que os integrantes da organização continuarão se reunindo em segredo.

Em janeiro, o líder da organização na cidade de Dzerzhinsk foi multado por distribuir material considerado extremista pelas autoridades. O governo russo dissolveu em 2004 um ramo da organização, uma decisão que a Corte Europeia de Direitos Humanos considerou, em 2010, como violação aos direitos da religião e associação. "Tememos que a lei contra o extremismo seja utilizada contra os fiéis que continuarem com suas reuniões para estudar a Bíblia", declarou à AFP Evgueni Kalinin, membro da organização.

Diferentes países já emitiram decisões contra práticas das testemunhas de Jeová, como a rejeição ao serviço militar e a transfusões de sangue. A Rússia é o país que mais tem se empenhado em retratá-las como extremistas.

As testemunhas de Jeová são um grupo cristão criado nos Estados Unidos com cerca de 8 milhões de seguidores ao redor do mundo - 175 mil deles na Rússia.