"Se Putin gosta de Donald Trump, eu considero isso como um ativo, não um passivo", afirmou o magnata
"Se Putin gosta de Donald Trump, eu considero isso como um ativo, não um passivo", afirmou o magnata | Foto: Spencer Platt/Getty Images/AFP



Nova York - A esperada primeira entrevista coletiva desde julho do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que toma posse no próximo dia 20, durou 58 minutos e foi dominada por questões sobre a Rússia e espionagem por meio de ataques cibernéticos. Um dos temas mais aguardados por Wall Street, as medidas econômicas de Trump, não tiveram detalhes adicionais divulgados.

A entrevista teve grande repercussão nos EUA, reuniu mais de 250 jornalistas na sede das organizações de Trump, na Quinta Avenida em Nova York, e foi transmitida ao vivo pelos principais canais de televisão e sites do país. Logo no início, o principal assessor de Trump, ao abrir a entrevista, já fez um desmentido sobre um suposto relatório de autoridades russas com informações comprometedoras sobre o republicano.

Trump também começou falando do tema, afirmando que o documento é falso e não deveria ter sido publicado. O assunto acabou dominando as principais questões dos jornalistas, interessados em saber sobre como será a relação de Washington com Moscou e sobre as denúncias de que Vladimir Putin interferiu na campanha presidencial dos EUA, vazando documentos do Partido Democrata. "A Rússia vai respeitar mais nosso país enquanto eu estiver no governo", afirmou Trump. "Não sei se vou me dar bem com Putin, mas acredito que sim", disse. "Se Putin gosta de Donald Trump, eu considero isso como um ativo, não um passivo", afirmou o presidente eleito dos EUA.

Trump reconheceu pela primeira vez que a Rússia pode ter invadido os computadores dos EUA em um ataque virtual, mas destacou que outros países também podem ter feito a mesma coisa, como a China. O presidente prometeu que em até 90 dias as agências de inteligência vão produzir um relatório sobre o hackeamento durante a campanha presidencial.

A agenda econômica de Trump acabou ficando em segundo plano. O presidente afirmou que vai tomar medidas pró-crescimento e que seu principal objetivo é aumentar a geração de emprego nos EUA. Ele, porém, não deu detalhes de como, quando e nem de suas esperadas medidas fiscais. Trump se limitou a dizer que empresas americanas que queiram transferir fábricas para o exterior terão que arcar com custos altos.

Outro tema que tomou boa parte da coletiva foi a separação dos negócios de Trump. O magnata trouxe a advogada dele, Sheri Dillon, para explicar o que está sendo feito para se evitar conflitos de interesse entre a Casa Branca e a Trump Organization. O bilionário não vai vender seus ativos, que serão transferidos para uma trust. Essa companhia será administrada por seus dois filhos e um sócio, sem a participação nem a interferência de Trump. A advogado argumentou que a venda de ativos poderia gerar mais conflitos de interesse do que essa estratégia de transferência para a trust.

Ainda na coletiva, Trump prometeu construir o muro na fronteira com o México, que seria pago pelos vizinhos na forma de um "reembolso". Inicialmente, os contribuintes americanos vão financiar a construção, que deve começar logo após a posse, e negociações vão começar com o governo mexicano para esse reembolso.

Outro tópico foi a nomeação da vaga aberta na Suprema Corte, após o falecimento de Antonin Scalia em fevereiro do ano passado. Trump respondeu que já está conversando com potenciais nomes e deve tomar uma decisão dentro de duas semanas após sua posse. Também logo no início de seu governo vai propor um plano ao Congresso para substituir o programa de saúde criado por Barack Obama, conhecido como Obamacare.