Capitão José Americo Alexandre Dias no submarino brasileiro Timbira, que participa da missão de busca internacional
Capitão José Americo Alexandre Dias no submarino brasileiro Timbira, que participa da missão de busca internacional | Foto: Leo Correa/AFP



Rio - O capitão de Mar e Guerra da Marinha brasileira José Américo Alexandre Dias disse na tarde desta quarta-feira (22) que é cedo para dizer que o submarino argentino ARA San Juan está prestes a ficar sem oxigênio para a tripulação de 44 pessoas.

Segundo Dias, há diversos mecanismos que garantem oxigênio ao submarino, inclusive tanques para momentos de emergência. Ele falou em hipóteses, já que não se sabe ainda a condição atual do submarino, bem como o que o fez perder as comunicações com a superfície. Há a suspeita de que houve falha nas baterias utilizadas na propulsão do submarino.

O submarino possui tanques de oxigênio para casos de emergência, como um incêndio a bordo. Há uma tubulação em que a tripulação pode conectar máscaras para respiração. Dias explicou que é possível também reduzir de forma sensível as operações humanas a fim de diminuir o consumo de oxigênio a bordo.

"O corpo humano tem certa capacidade de conviver com oxigênio limitado, como ocorre por exemplo com as população que vivem em altas altitudes e ar rarefeito. Também não dá para dizer se foi na quarta passada, quando houve o último contato, que o navio fez a sua última recomposição dos estoques de oxigênio", disse.

O navio tem diversas formas de se "reabastecer" de oxigênio para a tripulação. A principal delas é captação de ar na própria superfície. Os submarinos do tipo convencional - caso do equipamento argentino desaparecido - recarregam as baterias por meio de um sistema ativado quando ele sobe à superfície. Geralmente, durante esse processo ocorre a chamada "renovação atmosférica", quando o oxigênio é captado acima do mar.

Há também as chamadas "velas de oxigênio", que são mecanismos semelhantes ao do snorkel no mergulho. Uma espécie de tubo é enviado à superfície para captar ar. Para isso, explicou Dias, é preciso que o submarino esteja a pelo menos quinze metros da superfície.

Não se sabe, contudo, se o navio está ou não preso no fundo do mar. Além dos tanques de emergência e das formas de buscar ar na superfície, existe ainda um procedimento químico para renovação do ar no submarino. Há produtos químicos que, a depender de seu manuseio, liberam oxigênio, caso do produto chamado "cal sodada". Os submarinos possuem compartimentos e equipamentos que transformam a cal sodada em oxigênio.

VISITA
A Marinha convidou jornalistas para visitar o submarino brasileiro S-32 Timbira, atracado em uma base naval em Niterói, na região metropolitana do Rio. O submarino não é igual ao argentino, mas seria da mesma classe e de fabricação alemã. Para acessar seu interior, é preciso descer por uma escada no casco superior do equipamento. As instalações são apertadas e os corredores, muito estreitos.