Chris e Connie perderam sucessivas batalhas judiciais para levar o filho a um tratamento experimental nos Estados Unidos
Chris e Connie perderam sucessivas batalhas judiciais para levar o filho a um tratamento experimental nos Estados Unidos | Foto: Chris Ratcliffe/AFP



São Paulo - Os pais do britânico Charlie Gard encerraram nesta segunda-feira (24) a batalha judicial pelo tratamento experimental ao bebê e discutem com o hospital Great Ormond Street, em Londres, sobre como as máquinas que o mantêm vivo serão desligadas. A mãe de Charlie, Connie Yates, que recebeu o apoio de personalidades como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o papa Francisco, disse que Charlie poderia ter se recuperado caso tivesse recebido o tratamento antes.

"Essa é a coisa mais difícil que teremos de fazer", disse Connie à Suprema Corte de Londres, onde ocorreu audiência final sobre o caso. "Nós decidimos deixar nosso filho ir... Charlie teve uma chance de melhorar. Mas agora nunca saberemos o que aconteceria se ele tivesse recebido o tratamento."

De acordo com o advogado da família, Grant Armstrong, os pais deixaram a disputa judicial porque exames mostram que o bebê sofreu danos irreversíveis. Para ele, é "tarde demais". "Para Charlie, é muito tarde, o tempo acabou", disse Armstrong durante a audiência.

O bebê de 11 meses tem uma condição genética rara que provoca a perda da força muscular e danos cerebrais. O distúrbio impossibilita Charlie de mexer os braços, as pernas, ou de respirar sem o auxílio de aparelhos.

Na tentativa de curá-lo, os pais do bebê, Connie e Chris Gard, perderam sucessivas batalhas judiciais para levá-lo a um tratamento experimental nos Estados Unidos. Os tribunais, que recusaram o pedido, alegam que isso apenas prolongaria o sofrimento do menino.

Chris disse que a família perdeu muito tempo nas batalhas judiciais, desperdiçando a chance de ajudar Charlie. Ambos os pais choraram durante a audiência e prestaram homenagem ao "filho guerreiro".

O juiz responsável pelo caso, Nicholas Francis, disse que nenhum dos pais poderia ter feito mais pelo bebê. Ele iria decidir se os exames clínicos permitiriam aos pais tirar o bebê do hospital em Londres e levá-lo para os EUA. Francis também condenou as ameaças direcionadas ao hospital, médicos e enfermeiras que trataram Charlie.