Mobilizações organizadas pela oposição terminaram muitas vezes em confronto entre a polícia e manifestantes
Mobilizações organizadas pela oposição terminaram muitas vezes em confronto entre a polícia e manifestantes | Foto: Federico Parra/AFP


Caracas - A oposição venezuelana organiza nova manifestação nesta quarta-feira (26), no centro de Caracas, em um novo desafio ao presidente Nicolás Maduro, pressionado a convocar eleições gerais por uma onda de protestos que deixou 26 mortos em um mês.

"Não posso tolerar a violência. Lamento a morte de 26 pessoas, sejam do governo ou da oposição", declarou a procuradora-geral Luisa Ortega, em uma declaração à imprensa, a primeira desde o início dos protestos em 1º de abril.

As mobilizações organizadas pela oposição terminaram muitas vezes em confronto entre a polícia e manifestantes, distúrbios e saques, que deixaram 437 feridos e 1.289 detidos.

Um dia depois de um "bloqueio" de manifestantes contra Maduro nas avenidas mais importantes do país, que terminou em violência e deixou três mortos, os opositores organizam um protesto que pretende chegar à Defensoria do Povo, uma das instituições que acusam de servir ao governo. "Vamos avançando. Não nos renderemos. Se conseguirmos manter esta pressão, vamos conseguir a mudança. Na quarta-feira voltaremos às ruas", afirmou o vice-presidente do Parlamento de maioria opositora, Freddy Guevara. "Este é o momento de colocarmos em teste nossa resistência", disse.

A oposição acusa Maduro de repressão e o governo atribui aos adversários "atos de terrorismo" para dar um golpe de Estado e resultar em uma intervenção estrangeira. "As ações de resistência que colocam o ditador contra a parede têm custos muito graves: mortos e presos", disse Guevara, do partido Vontade Popular, do líder opositor detido Leopoldo López.

"Quantos mortos a mais os extremistas da oposição precisam para abandonar a violência como forma de fazer política? Quantos mais?", questionou o general Vladimir Padrino López, comandante das Forças Armadas, aliado chave ao qual Maduro deu grande poder político.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) avaliará a possibilidade de convocar uma reunião de chanceleres sobre a crise na Venezuela durante uma sessão extraordinária de seu Conselho Permanente, nesta quarta-feira.

Além da profunda crise política, a Venezuela sofre uma severa recessão econômica, com escassez de alimentos e remédios, além de uma inflação que, segundo o FMI, deve chegar a 720,5% este ano, a maior do mundo. Irritados com a crise, sete em cada 10 venezuelanos reprovam a gestão de Maduro, que tem mandato até 2019.

Neste contexto, o Parlamento Europeu voltará na quinta-feira (27) a condenar a "brutal repressão" na Venezuela contra "protestos pacíficos", segundo a proposta de resolução apresentada conjuntamente pelos principais grupos parlamentares.