Genebra, Suíça - A cobertura de gelo do Ártico registra seu menor tamanho para os meses de inverno, em um sinal de que o período mais frio do ano no Hemisfério Norte não tem sido suficiente para permitir que o continente recupere sua camada de gelo. Os dados foram publicados nesta sexta-feira (17) pela Organização Meteorológica Mundial, um braço da Organização das Nações Unidas (ONU), e em um momento em que diplomatas e cientistas temem que o Acordo de Paris seja minado por uma revisão dos Estados Unidos em relação aos seus compromissos de emissões de CO2.

Em 2016, a entidade já havia alertado que o ano havia sido o mais quente da história. Mas dados sobre janeiro de 2017 e o início de fevereiro revelam que a cobertura de gelo no Polo Norte não conseguiu se recuperar, nem durante o inverno. "O Ártico está vivenciando um calor excepcional", indicou o organismo.

Os dados, coletados pela agência espacial norte-americana (Nasa), apontam que, em média, a temperatura do mês de janeiro no planeta foi a terceira mais elevada para essa época do ano, superada apenas por janeiro de 2016 e janeiro de 2007. Em média, as temperaturas ficaram 0,88°C acima da média do século XX. "As altas temperaturas persistem na primeira parte de fevereiro", constata o organismo da ONU.

Segundo os cientistas, a elevação ocorre no mesmo momento em que as concentrações de CO2 atingem novos recordes, mesmo depois de anos de políticas ambientais para reduzir as emissões.

De acordo com os dados, o Ártico registrou apenas em 2017 três "ondas de calor". Em uma delas, os termômetros subiram para quase zero grau, uma anomalia no Polo Norte durante o inverno. No arquipélago de Svalbard, no norte da Noruega, os termômetros registraram 4,1°C no dia 7 de fevereiro. No posto de observação mais ao norte do mudo, em Kap Jessup (Groenlândia) as temperaturas passaram de -22°C para 2°C em apenas doze horas entre os dias 9 e 10 de fevereiro.

"Essas temperaturas são muito alarmantes", disse David Carlson, diretor de pesquisas da entidade mundial. "A taxa de mudanças no Ártico está empurrando as ciências climáticas para seus limites", admitiu.