Imagem ilustrativa da imagem Moradores avaliam estragos
| Foto: Mario Laporta/AFP
Em Amatrice, uma das cidades mais afetadas pelo terremoto, moradores tiveram trabalho para montar tendas para os desabrigados



Pescara Del Tronto - As casinhas de pedra de Pescara del Tronto foram construídas nas encostas montanhosas dos entornos. Nesta quinta-feira (25), um dia após o forte terremoto que atingiu o centro da Itália, elas haviam desaparecido, deslizadas uma em cima da outra.
De manhã, moradores voltavam ao cenário de seu trauma para recuperar pertences e avaliar o dano.
"Precisamos dos nossos documentos, dos nossos telefones", afirmou à reportagem Marcelo enquanto pede autorização dos bombeiros para visitar sua casa, danificada. Ele prefere não dizer o sobrenome.
Marcelo acordou durante o terremoto, assustado pelo tremor. Sua família estava presa por destroços que haviam bloqueado a porta. Apressados, saíram pelas janelas. Ninguém se feriu gravemente. "Foi muito forte."
Pescara del Tronto foi cenário de um dos resgates mais emblemáticos deste desastre. Uma menina de 8 anos foi retirada viva de debaixo dos escombros 17 horas após o terremoto. "São histórias que simbolizam nossa vontade de viver", disse à reportagem o bombeiro Danilo Dionisi, que estava presente no momento. "Buscávamos a menina desde cedo. Quando encontraram ela, chorando, houve uma exaltação. Um silêncio. Nos deu força para continuar." Dionisi afirma que as buscas seguirão, e que nenhum dos socorristas trabalha com a hipótese de que já não haja sobreviventes. "Manteremos a mesma força."
Enquanto as equipes seguiam sua procura entre as ruínas de Pescara, Giovanni D'Ercule caminhava saudando os moradores, acalmando-os. Bispo da região de Ascoli Piceno, ele havia viajado à cidade para "escutar". "Me perguntam coisas como 'por que meu filho morreu antes de mim?', e eu só posso ouvir."

TENDAS
Em outra das cidades mais afetadas pelo terremoto, Amatrice, alguns dos moradores dormiam em um parque, em tendas improvisadas. De uma das casas dessa localidade de 2,6 mil habitantes, na quinta-feira havia apenas o batente da porta e as pedras arruinadas. "Foi longo e violento", declarou Nadia Rendina, de 53 anos. Ela diz que, ainda que sua casa não estivesse rachada, não teria coragem de dormir ali. "As coisas caíam em cima da gente, e conseguimos escapar."