Imagem ilustrativa da imagem Milhares de opositores desafiam Maduro
| Foto: Juan Barreto/AFP



Caracas - Milhares de opositores do presidente Nicolás Maduro se reuniram neste sábado (20) em uma das principais avenidas de Caracas, em uma clara "demonstração de força", após quase dois meses de protestos violentos que deixaram 47 mortos. "Temos que permanecer nas ruas 50 ou mil dias a mais, o que for necessário até que Maduro aceite eleições ou saia", afirmou Antonio Moreno, um estudante de 21 anos, que estava com um escudo de madeira improvisado com a palavra "resiste", para proteger-se de eventuais bombas de gás lacrimogêneo.

Milhares de opositores exibiam cartazes com frases como "#Não mais ditadura!", "Eleições Já", em meio a barricadas armadas com troncos e pedras e um gigantesco tanque de metal, uma proteção das ações da polícia.

Os adversários de Maduro acreditam que a nova passeata na principal avenida de Caracas vai superar a do dia 19 de abril, a maior da onda de protestos que em sete semanas também deixou centenas de feridos e quase 2.200 detidos. De acordo com a ONG Foro Penal, ao menos 161 pessoas foram encarceradas por ordem de tribunais militares.


O país está completamente dividido e quase paralisado, em meio a uma grave crise econômica que provoca uma escassez crônica de alimentos e medicamentos, e uma inflação que, segundo o FMI, atingirá os 720% este ano. Um coquetel explosivo que se completa com altos índices de criminalidade.

Os opositores denunciam uma "repressão selvagem" do governo, que por sua vez os acusa de apelar ao "terrorismo" para dar um golpe de Estado com financiamento dos Estados Unidos. A única saída para resolver a crise política na Venezuela é a realização de eleições gerais imediatas, e, para isso, chegou o momento da "negociação definitiva", afirmou neste sábado o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.


Nos últimos dias aumentaram as mortes por ferimentos a bala em atos vinculados aos protestos, pelas quais vários policiais e militares são investigados. Os protestos ganharam força, ainda, com a convocação por Maduro de uma Assembleia Constituinte "popular", na qual metade de seus integrantes seriam escolhidos em setores controlados pelo chavismo.

Maduro, considerado o herdeiro do presidente Hugo Chávez (1999-2013), enfrenta a rejeição de sete em cada dez venezuelanos, segundo pesquisas de institutos privados, em meio à devastação econômica, acentuada pela queda nos preços do petróleo a partir de 2014. O principal apoio de Maduro vem das Forças Armadas, que têm enorme poder político e econômico e que em várias ocasiões expressou "lealdade incondicional".