Imagem ilustrativa da imagem Menino-bomba deixa mais de 50 mortos
| Foto: Ilyas Akengin/AFP
Moradores participam do funeral das vítimas do atentado em Gaziantep



Gaziantep – Pelo menos 51 pessoas que participavam em um casamento no sábado (20), no Sul da Turquia, morreram em um atentado cometido por um menino com idade entre 12 e 14 anos, provavelmente um integrante do grupo Estado Islâmico, segundo informações do presidente turco Recep Tayyip Erdogan. "O atentado de Gaziantep é obra de um camicase entre 12 e 14 anos, que se explodiu ou levava explosivos detonados à distância."

Durante entrevista coletiva, o presidente insistiu na suspeita de que o grupo Estado Islâmico (EI) está por trás do atentado cometido durante o casamento.

No local do ataque foram encontrados pedaços de um colete de explosivos, informou a promotoria, confirmando a tese de um atentado suicida na cidade de Gaziantep, perto da fronteira com a Síria. "O número de pessoas mortas neste ataque terrorista é agora 51", anunciou o governador da província, Ali Yerlikaya. O ataque resultou ainda em uma centena de feridos.

Este é o ataque mais sangrento na Turquia, palco há um ano de uma onda de atentados atribuídos ao EI ou aos rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), especialmente em Ancara e Istambul.

Em um comunicado, o presidente Erdogan afirmou que não vê "qualquer diferença" entre o pregador no exílio Fethullah Gulen, o qual acusa de planejar a tentativa de golpe de 15 de julho, os rebeldes do PKK e o grupo Estado Islâmico, "provável autor do ataque em Gaziantep". "Nosso país, nossa nação, só pode reiterar uma mensagem para aqueles que nos atacam: eles vão fracassar."

Uma autoridade turca afirmou que o "casamento era realizado ao ar livre" em um bairro de Gaziantep com grande concentração de curdos, reforçando a pista jihadista. A noiva e o noivo sobreviveram ao massacre. A noiva Besna Akdogan, ficou muito abalada e desmaiou várias vezes. "Eles transformaram o meu casamento em um banho de sangue", disse ela à agência de notícias Anatolia.

A agência Dogan afirma que um homem-bomba se misturou aos convidados, entre os quais muitas mulheres e crianças, e detonou a carga explosiva. As forças de segurança procuram duas pessoas que o acompanhavam e que fugiram após o ataque.
Testemunhas descreveram uma cena de terror. "Quando chegamos havia tantos mortos, uma dúzia de" corpos com a "cabeça, braço ou mão espalhados pelo chão", relatou um homem.

Gulser Ates, uma ferida, contou ao jornal Hurriyet que o ataque ocorreu quando a festa terminava. "Nós estávamos sentados em cadeiras, eu estava conversando com um vizinho. Ele morreu na minha frente. Se ele não tivesse caído sobre mim, eu teria morrido", afirmou ela.

DIVISÃO
O partido pró-curdo HDP condenou o ataque e disse que "muitos curdos foram mortos". Erdogan também considerou que os autores do ataque tentam semear a divisão entre os diferentes grupos étnicos que vivem na Turquia.

Muitos extremistas percebem os curdos como os seus piores inimigos. Na vizinha Síria, as milícias curdas enfrentam ferozmente o EI, e são consideradas pelo Ocidente como as mais eficazes na luta contra os radicais islâmicos.

Em Gaziantep, os homens oravam ante os caixões em linha e muitas famílias consultavam a lista de vítimas transportadas para o necrotério. Gaziantep tornou-se um ponto de passagem de muitos refugiados sírios que fogem da guerra civil iniciada há cinco anos e meio. Mas, além dos refugiados e militantes de oposição, a região é ocupada por um número significativo de extremistas.

REAÇÕES
O ataque provocou numerosas reações. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o governo americano condenaram o atentado suicida e Washington ofereceu a Ancara ajuda para combater "o flagelo do terrorismo". Já o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Ned Price, declarou que "estamos em estreito contato com as autoridades turcas, e o vice-presidente (Joe) Biden visitará Ancara na quarta-feira, 24 de agosto, para reafirmar nosso compromisso de trabalharmos juntos com a Turquia para enfrentar o flagelo do terrorismo".

O presidente russo, Vladimir Putin, denunciou a "crueldade e cinismo" do ataque.
"Rezamos pelas vítimas, mortos e feridos, e pedimos paz para todos", proclamou no Vaticano o papa Francisco.