Madri - Um líder da Igreja Anglicana disse nesta quinta-feira (22) que a instituição ocultou evidências do abuso de jovens praticado por um de seus bispos por duas décadas. A declaração de Justin Welby, arcebispo da Cantuária, na Inglaterra, foi feita após uma investigação independente criticar a igreja devido a sua atuação no caso do bispo Peter Ball, que teria sido encobertado.

Welby classificou a leitura do relatório da comissão, com o título "Um Abuso da Fé", como algo "angustiante". "A igreja conspirou e escondeu, em vez de tentar ajudar aqueles que foram corajosos o bastante para fazer as denúncias. Esse é um comportamento indesculpável e chocante", afirmou, insistindo que o caso não é atual e que, portanto, não significa que a instituição mantenha as práticas.

Foi revelado também que Welby escreveu a seu antecessor no cargo, George Carey, pedindo que deixasse o posto de assistente honorário devido às acusações. Carey foi acusado de ter recebido sete cartas após a detenção de Ball em 1992, das quais repassou apenas uma à polícia.

Ele chegou a escrever ao irmão gêmeo do bispo, Michael Ball, dizendo acreditar que Peter era "basicamente inocente" das acusações. Carey também comentou o relatório, afirmando que o texto lhe causou desconforto.

O CASO
O bispo Peter Ball, hoje com 85 anos, admitiu seu histórico de abuso de 18 jovens vulneráveis com de 17 a 25 anos entre 1977 e 1992. Eles lhe haviam procurado pedindo conselho espiritual e foram convencidos de que a prática sexual era uma outra forma de adoração. Ball escapou dessas acusações em 1993, ao renunciar de seu posto em Gloucester, um processo no qual supostamente teve o apoio de figuras de alto escalão na igreja. Outra investigação foi iniciada em 2012, pela qual ele foi preso em outubro de 2015. Em fevereiro, Ball foi libertado após cumprir 16 meses, a metade da pena.