Multidões entoando o nome de Muammar Gaddafi se reuniram em Trípoli na segunda-feira para o funeral de um filho e três netos do líder líbio, mortos em um ataque aéreo da Otan que levantou novas perguntas sobre o papel das potências ocidentais no levante contra Gaddafi.

As forças de Gaddafi mantiveram seus ataques contra os adversários dele, bombardeando a área portuária de Misrata, cidade controlada pelos rebeldes, com foguetes e morteiros pelo terceiro dia e prejudicando as operações para levar suprimentos por via marítima à cidade cercada.

Rebeldes em Misrata se queixaram de que a Otan não viera ajudá-los, mas durante a noite aviões da aliança atacaram posições das forças do governo líbio perto da cidade de Zintan, controlada pelos rebeldes.

Os fatos chamaram a atenção para a dependência do movimento rebelde enfraquecido sobre o apoio militar do Ocidente. Mas o ataque aéreo da Otan no sábado contra um imóvel de Gaddafi, que, segundo o governo, matou seu filho de 29 anos Saif al-Arab e três netos pequenos, representou uma virada nova.

As mortes desencadearam ataques de multidões enfurecidas contra as embaixadas britânica e francesa e a missão diplomática dos EUA em Trípoli, além de acusações de representantes líbios de que a Otan tinha tentado assassinar Gaddafi.

Cerca de 2.000 pessoas carregando bandeiras e fotos de Gaddafi compareceram aos funerais. Eles deram socos no ar e gritaram palavras de ordem pró-Gaddafi.

O féretro de Saif al-Arab, coberto de flores e envolto na bandeira verde que representa a Líbia desde que Gaddafi chegou ao poder em um golpe de Estado em 1969, foi carregado no meio da multidão até uma sepultura no cemitério de Hani, na capital líbia.

Gaddafi não compareceu ao funeral, mas Saif al-Islam, o mais destacado de seus filhos, estava presente, trajando vestes tribais escuras.

Saif al-Arab não tinha filhos, mas três de seus sobrinhos pequenos também morreram no ataque do sábado. Eram filhos de seus irmãos Hannibal, Aisha e Mohammed Gaddafi.

Apesar de líderes ocidentais terem negado que o ataque aéreo tenha sido uma tentativa de matar Gaddafi, o caso vem provocando novas discussões sobre se os ataques liderados pela Grã-Bretanha e França estariam indo além do previsto na resolução da Organização das Nações Unidas, de proteção a civis.

O governo sul-africano, que lidera uma iniciativa africana de paz, condenou o ataque e disse que a resolução da ONU que autorizou ataques aéreos não abrange o assassinato de indivíduos.

"Os ataques a líderes e autoridades só podem resultar na escalada das tensões e conflitos de todos os lados e dificultar a reconciliação futura," disse o governo da África do Sul em comunicado