Pescara Del Tronto, Itália - A estrutura montada pela Itália para amenizar os estragos do terremoto de quarta-feira (24) se espalha pela região central do país, entre cidades já praticamente esvaziadas de seus moradores.
Em Amatrice, um dia após o tremor que deixou ao menos 250 mortos, não se ouvem os sons habituais da cidade, que se preparava para um festival gastronômico no fim de semana - o local dá nome ao molho matriciana, com tomate, bacon e pecorino.
Em vez disso, há o latido do cão farejador, o gerador de eletricidade, o sobrevoo do helicóptero e o grito do bombeiro. O resgate e o apoio a sobreviventes envolvem italianos de todo o país. As placas dos veículos registram nomes de diversas regiões. Segundo informações do governo italiano, aproximadamente 5 mil pessoas foram mobilizadas para as operações após o terremoto.
Há desaparecidos, além de 365 feridos. Ao menos 470 réplicas já foram registradas desde o terremoto, ocorrido às 3h30 de quarta-feira (22h30 de terça-feira em Brasília).
Em Amatrice, o núcleo histórico ruiu quase por completo. Uma igreja do século 15 estava danificada. A torre do relógio, construída no século 13, permanecia de pé, com o horário paralisado às 3h39, minutos após o terremoto. Dario Franceschini, ministro da Cultura, disse que 293 locais de importância cultural foram seriamente danificados ou desmoronaram.

VOLUNTÁRIOS
Parte fundamental do resgate são os voluntários, como Chiara Diletta Marini, de 26 anos, que veio de Roma para auxiliar na distribuição de alimentos. Enquanto fatia pães com geleia para dar a moradores, diz: "Nunca vi nada assim". Ela afirma que a região necessita, principalmente, de medicamentos, uma avaliação repetida por outras pessoas envolvidas na ação.
Uma das razões por que houve estrago tão extenso é que as construções da região são antigas e inadequadas para enfrentar tremores. Casas de pedra são comuns. Um grupo de jovens poloneses também viajou a Amatrice para se voluntariar. Eles estavam na Itália a turismo, explorando cavernas, mas se sensibilizaram por relatos do desastre e foram de carro para lá.
A reportagem cruza com eles em uma estrada escura, descendo de Amatrice, carregando cordas e lanternas. Eles lamentam ainda não ter conseguido ajudar. "Não sabemos o que fazer", diz Yacub Ochnio, de 26 anos. "Não sabemos quem está no comando ou como podemos contribuir."
Com o fluxo de voluntários ao local, parece haver excesso de mão de obra para uma tarefa que, com o passar do tempo, se torna mais improvável: localizar sobreviventes. É possível notar algum cansaço entre as equipes no local, e aspereza com quem está ali só para observar. O comando varia de acordo com as tarefas, mas voluntários se reportavam aos bombeiros, à frente das buscas.