Furacão atingiu ilhas da Flórida por volta das 8 horas da manhã de domingo; na maioria das cidades, não há energia elétrica
Furacão atingiu ilhas da Flórida por volta das 8 horas da manhã de domingo; na maioria das cidades, não há energia elétrica | Foto: Joe Raedle/Getty Images/AFP



Miami - O gigantesco furacão Irma atingiu neste domingo (10) a Flórida, por volta da 8h10 da manhã (horário de Brasília), provocou três mortes em acidentes de trânsito e inundou cidades, após deixar um rastro de destruição no Caribe. Nos últimos dias, Irma provocou inundações no norte de Cuba e arrasou diversas ilhas do Caribe, matando 27 pessoas.

As autoridades da Flórida anunciaram três mortes em acidentes de trânsito provocados pelos fortes ventos e chuvas intensas. A policial Julie Bridges, 42 anos, faleceu neste domingo em uma colisão frontal perto da cidade de Sarasota, na costa oeste da Flórida, informou o xerife Arnold Lanier. "Ela trabalhou a noite toda em um abrigo e seguia para casa para pegar alguns mantimentos no momento do acidente", disse o oficial.

Outro motorista morreu em um acidente quando seguia para o trabalho. A terceira vítima foi um homem que faleceu no sábado em um acidente perto de Key West, em Flórida Keys, primeiro conjunto de ilhas do estado atingido pelo Irma. O caminhão dele bateu em uma árvore.

Irma atingiu o conjunto das ilhas de Flórida Keys como furacão de categoria 4, com rajadas de vento intensas de até 215 km/h, mas caiu para a categoria 3, com ventos de até 195 km/h, e por volta das 15 horas (em Brasília) se encontrava 55 km ao sul de Naples, sobre a costa oeste do Estado, segundo o Centro Nacional de Furacões, que prevê um grande aumento da maré em Naples e Marco Island.

Naples, Fort Myers e as densamente povoadas penínsulas da baía de Tampa (oeste da Flórida) estão sob ameaça de marés de até 4,5 metros. "Estamos a ponto de ser atingidos na cara por esta tempestade", disse o prefeito de Tampa, Bob Buckhorn.

Em Miami, Irma derrubou dois guindastes de construção e inundou ruas neste domingo, segundo moradores da cidade, que publicaram fotos nas redes sociais. As imagens mostram o braço de um guindaste na rua 3, que partiu e atingiu o teto de um prédio em uma zona da cidade onde é frequente a construção de prédios muito altos e com vista para o mar.

Um morador de Miami que se refugiou em Brickell, bairro vizinho à zona de prédios ao sul do centro da cidade, disse que viu um segundo guindaste cair, enquanto a região era inundada. A maior preocupação das autoridades em Miami são os guindastes – alguns, para a construção de prédios de 50 andares, têm mais de 243 metros de altura.

Imagens de TV mostravam o mar invadindo o calçadão da Brickell Avenue e inundando ruas e carros, com água até a metade. Em Key Haven, na ponta do arquipélago, Maggie Howes descreveu uma tempestade de violência sem precedentes. "Os barcos estão literalmente quebrados, as palmeiras estão no chão, as linhas de energia elétrica estão caindo", afirmou por telefone ao canal CNN a socorrista, que torce pelo fim do furacão. "É absolutamente impossível sair no momento. Ninguém consegue suportar os ventos que observo pela janela", completou.

EVACUAÇÃO
Apesar das ordens de evacuação obrigatória, muitos moradores optaram por permanecer nesta faixa de terra de baixa altitude e suscetível a inundações. Quase 6,3 milhões de habitantes, o que representa mais de 25% da população da Flórida, receberam ordem de evacuação, o que criou "cidades fantasmas".
A cidade de Fort Lauderdale, 50 km ao norte de Miami, registrou um tornado. As autoridades emitiram advertências em vários condados.

A trajetória do furacão registrou uma leve mudança e parece que seguirá mais para a costa oeste do que para a costa atlântica, mas o fenômeno é tão amplo que especialistas preveem destruição nas duas pontas.

CUBA E CARIBE
Cuba, que foi afetada pelo Irma na sexta-feira (8), registrava fortes inundações no litoral noroeste, de Matanzas a Havana, "com ondas de entre 6 e 9 metros", informou o Instituto de Meteorologia cubano. As autoridades não informaram a ocorrência de mortes, e sim "danos materiais significativos".

Irma provocou devastação em muitas ilhas do Caribe e deixou pelo menos 27 mortos: 10 na parte francesa e quatro na área holandesa de Saint Martin, quatro nas Ilhas Virgens americanas, seis nas Ilhas Virgens britânicas e no arquipélago de Anguilla, dois em Porto Rico e um em Barbuda.

BRASILEIROS
Ao menos 57 cidadãos brasileiros no Caribe estão sob monitoramento do Ministério das Relações Exteriores. Eles estão nas Ilhas Virgens Britânicas e na ilha de Saint Martin, uma das mais devastadas pelo furacão. Segundo o Itamaraty, eles foram deslocados para abrigos, como a maioria das populações locais.

O contato com os brasileiros, porém, é dificultado pelo fato de o Brasil não ter representação diplomática nesses territórios. O Itamaraty está em contato constante com os governos do Reino Unido (ao qual pertencem as Ilhas Virgens) e da França e da Holanda (os 87 km de Saint Martin são divididos entre os governos francesa e holandesa, pelo qual a ilha é chamada de Sint Maarten).

Na tarde deste domingo, o Itamaraty não contabilizava desaparecidos entre os brasileiros. Na Flórida, estima-se que vivam entre 300 mil e 350 mil brasileiros, além dos turistas. O consulado em Miami foi fechado e temporariamente realocado para Orlando, onde funciona em regime de força-tarefa. (Com Folhapress)