O Iraque denunciou ontem que um ataque aéreo anglo-americano matou 23 pessoas – entre elas quatro membros de uma família – e feriu outras 11 que participavam de um jogo de futebol no norte do país. Militares dos Estados Unidos e o Ministério da Defesa da Grã-Bretanha, porém, negaram ter promovido bombardeios no Iraque nos últimos dois dias.
A Agência de Notícias Iraquiana divulgou que os aviões atacaram Tall Afar, 440 km a noroeste de Bagdá. A agência não informou quando teria ocorrido o ataque, mas afirmou que as vítimas foram enterradas na manhã de ontem.
A televisão estatal iraquiana, citando um médico não identificado que tratou dos feridos no Hospital Tall Afar, divulgou que o ataque aconteceu na terça-feira. Segundo o médico, alguns dos feridos estão em sérias condições.
‘‘Eu vi três aviões atacarem o campo de futebol às 11h30’’, disse um homem não identificado à TV. Uma criança ferida, Amar Hameed, 5 anos, afirmou que estava assistindo à partida quando um míssil atingiu o campo. Ele sofreu queimaduras e fraturas.
‘‘Os Estados Unidos e seu aliado, a Grã-Bretanha, cometeram um novo, horrível crime que será acrescido ao histórico de seus hediondos crimes contra o Iraque’’, escreveu a agência oficial iraquiana INA.
Um porta-voz das forças dos EUA na base aérea de Incirlik, sul da Turquia, de onde saem os vôos para o norte do Iraque, negou que tenha havido qualquer bombardeio hoje. ‘‘Voamos hoje, mas não... jogamos nada’’, disse o major Scott Vadnais.
Na terça-feira, a agência de notícias, citando um porta-voz iraquiano não identificado, divulgou que forças aliadas tinham tentado bombardear instalações civis no norte, mas que as defesas aéreas iraquianas haviam obrigado os aviões a fugir. O Iraque garantiu ter atingido um aparelho, mas oficiais americanos negaram que qualquer de seus aviões tenha sido atingido durante uma missão terça-feira sobre o norte iraquiano.
O major Ed Loomis, oficial de assuntos públicos do Comando Europeu dos EUA em Stuttgart, Alemanha, negou que o bombardeio pudesse ter ocorrido na terça-feira.
Por sua vez, o Ministério da Defesa britânico afirmou que forças em terra iraquianas dispararam contra aviões anglo-americanos durante uma patrulha na terça-feira e ontem, mas que os aparelhos não responderam ao fogo em nenhuma das duas vezes.
‘‘Trata-se de mais um exemplo da propaganda iraquiana’’, anunciou o ministério num comunicado. ‘‘(O presidente do Iraque) Saddam (Hussein) regularmente afirma que matamos civis ou destruímos infra-estrutura civil em dias em que não despejamos munição – e mesmo quando não promovemos patrulhas na zona de exclusão aérea’’.
Aviões aliados patrulham os céus sobre o sul e norte do Iraque como estabelecido depois da Guerra do Golfo de 1991, a fim de proteger rebeldes muçulmanos xiitas no sul e curdos no norte. Jatos americanos e britânicos impondo a zona de exclusão aérea no norte do Iraque estão baseados na Turquia. O Iraque não reconhece as zonas de exclusão aérea.