O governo sírio demoliu milhares de casas em áreas onde a população apoia a oposição ao regime, em Damasco e Hama, como "punição coletiva", denunciou hoje (30) a organização de defesa de direitos humanos Human Rights Watch (HRW). Em novo relatório, a organização não governamental (ONG) acusa o governo sírio de "apagar do mapa bairros inteiros".

"Essas demolições ilegais vêm juntar-se à longa lista de crimes cometidos pelo governo sírio", disse o especialista em situações de crise da HRW, Ole Solvang.

A ONG documentou dois casos em Hama (no centro da Síria) e cinco em Damasco e nos seus arredores, entre julho de 2012 e julho de 2013, recorrendo a imagens de satélite. A Human Rights Watch estima que foram demolidos 140 hectares, o equivalente a 140 campos de futebol. A HRW diz que entre os escombros existem muitos prédios altos, o que significa que milhares de pessoas perderam as suas casas.

De acordo com a ONG, todas as áreas afetadas foram conquistadas pela oposição. A organização diz que é difícil acreditar no argumento do governo, segundo o qual está em curso uma reestruturação urbanística. "As demolições foram supervisionadas pelos militares, frequentemente após lutas entre as forças do governo e as da oposição. Em todo caso, não parece à HRW que demolições semelhantes tenham ocorrido em bairros favoráveis ao governo", diz o documento.

"Trata-se de uma punição coletiva de comunidades suspeitas de apoiar a rebelião", disse Ole Solvang, que fez um apelo às Nações Unidas: "O Conselho de Segurança da ONU deve emitir uma mensagem clara de que a dissimulação e a impunidade do governo não resistirão à Justiça".

Mais de 130 mil pessoas morreram desde o início do conflito, há quase três anos, que deixou também milhões de deslocados e refugiados.