Roma - Dezenas de migrantes morreram afogados nesta quarta-feira (24) no Mar Mediterrâneo, após caírem de um barco superlotado perto da costa da Líbia, onde a tensão aumenta entre as ONGs e a Guarda Costeira local. A Guarda Costeira italiana, que coordenava as operações de resgate, contabilizou ao menos 34 mortos, incluindo uma dezena de crianças.
Os migrantes integravam um grupo de entre 500 e 700 pessoas que lotavam uma embarcação precária de madeira que navegava a 100 quilômetros a oeste de Trípoli, a capital líbia.
"Não é cena de filme de terror, é uma verdadeira tragédia que acontece hoje às portas da Europa", tuitou Chris Catrambone, fundador da ONG Moas, que resgata refugiados no Mediterrâneo.
Com a ajuda de um barco de patrulha da Guarda Costeira italiana e de vários navios comerciais, os socorristas tentaram salvar os migrantes, enquanto um helicóptero e um avião militar lançavam botes salva-vidas. Os socorristas também tiveram que forçar o trinco para resgatar centenas de migrantes amontoados no porão da embarcação.
Este drama se une a outros semelhantes que causaram ao menos 1.254 mortes ou desaparecimentos no Mediterrâneo, segundo um balanço da OIM (Organização Internacional para as Migrações), enquanto mais de 50 mil migrantes desembarcaram na Itália neste ano.
Nesta quarta-feira, 15 operações de resgate estavam em curso perto da Líbia, segundo a Guarda Costeira. Na terça (23), as autoridades italianas coordenaram o resgate de cerca de 1.500 migrantes, enquanto os seus colegas líbios interceptaram mais de 350 que foram levados de volta ao país norte-africano.
A ONG alemã Jugend Rettet e a SOS Mediterrâneo denunciaram a intervenção da Guarda Costeira líbia, que estaria sendo treinada e equipada pela União Europeia para tentar limitar o fluxo de migrantes.
A Marinha líbia, que afirma operar em sua zona econômica exclusiva (200 milhas marinhas da costa), não comentou as acusações de Jugend Rettet, mas negou as do Sea-Watch, denunciando uma "operação de caça aos migrantes" realizada pelas ONGs, lançadas em um verdadeiro "negócio".