O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) realizou nesta segunda-feira (13) uma reunião de emergência, a pedido dos Estados Unidos, do Japão e da Coreia do Sul, para discutir o novo teste de míssil balístico norte-coreano. A China e a Rússia, membros permanentes do conselho, também se somaram às condenações internacionais ao teste. As informações são da Agência France Presse (AFP).

O míssil terra-terra de médio-longo alcance foi disparado de uma base aérea na província norte-coreana de Pyongang do Norte e percorreu 500 quilômetros antes de cair no Mar do Japão, informou no domingo (12) o Ministério da Defesa sul-coreano. Foi o primeiro teste deste tipo desde outubro passado.

A Coreia do Norte confirmou ter disparado o míssil e classificou de "bem-sucedido" o teste de seu novo "sistema de armamento estratégico". O fato foi interpretado em Seul como um desafio ao presidente americano, Donald Trump.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou com firmeza o teste, que classificou de "nova violação preocupante" das resoluções das Nações Unidas. "A liderança da Coreia do Norte deve retornar ao pleno cumprimento de suas obrigações internacionais e ao caminho rumo à desnuclearização", disse Guterres em um comunicado.

Conforme as resoluções das Nações Unidas, a Coreia do Norte não pode utilizar a tecnologia de mísseis balísticos. Contudo, seis pacotes sucessivos de sanções impostas pela ONU desde o primeiro teste nuclear norte-coreano em 2006 não foram suficientes para dissuadir Pyongyang.

"Espero que o Conselho de Segurança entre em acordo para dar uma resposta forte e clara [à Coreia do Norte]", declarou o embaixador do Japão nas Nações Unidas, Koro Bessho, antes da reunião.

"Estrela do Norte"
Fotografias divulgadas pela agência de notícias norte-coreana KCNA mostram o míssil subindo no ar. Sorrindo, o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, acompanha o lançamento, também festejado por dezenas de soldados e cientistas do país. Kim Jong-Un "dirigiu pessoalmente os preparativos",indicou a KCNA, segundo a qual o teste foi realizado "levando em conta a segurança dos países vizinhos".

Esta é a primeira vez que a Coreia do Norte menciona o míssil Pukguksong-2. Em agosto passado, Pyongyang havia informado sobre o teste de um míssil Pukguksong-1 (que significa "estrela do norte") a partir de um submarino e garantiu que o foguete colocava o continente americano ao seu alcance.

Pyongyang proclama com frequência ter capacidades em matéria de armamento que analistas ocidentais consideram pouco convincentes. Segundo a agência oficial norte-coreana, Kim "manifestou grande satisfação pela posse de outro poderoso meio de ataque nuclear que se soma ao tremendo poderio do país".

"Graças ao desenvolvimento do novo sistema de armamento estratégico, nosso Exército Popular é capaz de realizar suas tarefas estratégicas de maneira mais precisa e veloz em qualquer espaço: sob as águas e em terra. Os mísseis Pukguksong-2 são mais difíceis de detectar. Isso deixa pouco tempo prévio e representa uma maior ameaça ao adversário", ressaltou a KCNA.

EUA, Japão e China

O lançamento de míssil foi interpretado como um desafio a Trump, que até o momento se limitou a reafirmar seu apoio "em 100%" ao Japão, um aliado fundamental de Washington na região. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, cujo país está ao alcance de um disparo de míssil norte-coreano, chamou de "absolutamente intolerável" o teste de domingo em uma entrevista coletiva improvisada junto com Trump.

"Parece que o lançamento estava destinado a chamar a atenção através do desenvolvimento das capacidades nucleares e de mísseis da Coreia do Norte. Também acreditamos que se trata de uma provocação armada para testar a resposta do novo governo americano sob a presidência de Trump", comentou o Ministério da Defesa sul-coreano.

Trump pressionou a China, o principal aliado e parceiro comercial da Coreia do Norte, para fazer o máximo para controlar o país vizinho. Em Tóquio, o porta-voz do governo, Yoshihide Suga, disse que a China desempenha um papel "extremamente importante" e pediu "medidas construtivas".

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, disse que se opunha a testes nucleares que violam resoluções da ONU. A Rússia, por sua vez, afirmou que o teste era uma "demonstração de desprezo pelas resoluções do Conselho de Segurança da ONU."