Gaziantep - Ao menos 51 pessoas que participavam em um casamento no sábado, no Sul da Turquia, morreram em um atentado cometido por um menino com idade entre 12 e 14 anos, provavelmente um integrante do grupo Estado Islâmico, afirmou neste domingo (21) o presidente turco. "O atentado de Gaziantep é obra de um camicase entre 12 e 14 anos, que se explodiu ou levava explosivos detonados à distância", declarou Recep Tayyip Erdogan em coletiva de imprensa.
Ele insistiu na suspeita de que o grupo Estado Islâmico (EI) está por trás do atentado cometido durante o casamento.

No local do ataque foram encontrados pedaços de um colete de explosivos, informou a promotoria, confirmando a tese de um atentado suicida na cidade de Gaziantep, perto da fronteira com a Síria.
"O número de pessoas mortas neste ataque terrorista é agora 51", anunciou o governador da província, Ali Yerlikaya.

Este é o ataque mais sangrento na Turquia, palco há um ano de uma onda de atentados atribuídos ao EI ou aos rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), especialmente em Ancara e Istambul.

O ataque foi cometido na noite de sábado durante um casamento com a presença de muitos curdos e também causou uma centena de feridos.

Em um comunicado, o presidente Erdogan afirmou que não vê "qualquer diferença" entre o pregador no exílio Fethullah Gulen, o qual acusa de planejar a tentativa de golpe de 15 de julho, os rebeldes do PKK e o grupo Estado Islâmico, "provável autor do ataque em Gaziantep". "Nosso país, nossa nação, só pode reiterar uma mensagem para aqueles que nos atacam: Eles vão fracassar", escreveu o presidente.

Uma autoridade turca afirmou que o "casamento era realizado ao ar livre" em um bairro de Gaziantep com grande concentração de curdos, reforçando a pista jihadista.

A noiva e o noivo sobreviveram ao massacre. A noiva Besna Akdogan ficou muito abalada e desmaiou várias vezes. "Eles transformaram o meu casamento em um banho de sangue", disse ela à agência de notícias Anatolia. Ela ficou levemente ferida e recebeu alta neste domingo.
A agência Dogan afirma que um homem-bomba se misturou aos convidados, entre os quais muitas mulheres e crianças, e detonou a carga explosiva.

As forças de segurança procuram duas pessoas que o acompanhavam e que fugiram após o ataque.
Testemunhas descreveram uma cena de terror. "Quando chegamos havia tantos mortos, uma dúzia de" corpos com a "cabeça, braço ou mão espalhados pelo chão", relatou um homem. "Olhem, foram peças de ferro que entraram nos corpos de nossos parentes, isso os mataram, não há mais nada a dizer", disse outro.

O partido pró-curdo HDP condenou o ataque e disse que "muitos curdos foram mortos".
Erdogan também considerou que os autores do ataque tentam semear a divisão entre os diferentes grupos étnicos que vivem na Turquia.
Muitos extremistas percebem os curdos como os seus piores inimigos. Na vizinha Síria, as milícias curdas enfrentam ferozmente o EI, e são consideradas pelo Ocidente como as mais eficazes na luta contra os radicais islâmicos. Em Gaziantep, os homens oravam ante os caixões em linha e muitas famílias consultavam a lista de vítimas transportadas para o necrotério.


Gaziantep tornou-se um ponto de passagem de muitos refugiados sírios que fogem da guerra civil iniciada há cinco anos e meio. Mas, além dos refugiados e militantes de oposição, a região é ocupada por um número significativo de extremistas.

O ataque de sábado provocou numerosas reações. O embaixador dos Estados Unidos John Bass condenou a ação e acrescentou: "Somos solidários com a Turquia, nossa aliada, e estamos empenhados em continuar a trabalhar em conjunto para derrotar a ameaça terrorista". O presidente russo, Vladimir Putin, denunciou a "crueldade e cinismo" do ataque. "Rezamos pelas vítimas, mortos e feridos, e pedimos paz para todos", proclamou no Vaticano o papa Francisco.