São Paulo - Roman Herzog, presidente da Alemanha entre 1994 e 1999, morreu nesta terça-feira (10) aos 82 anos. Advogado de formação nascido no Estado da Baviera (sul do país), Herzog presidiu a Corte Constitucional alemã antes de virar o primeiro chefe de Estado eleito por representantes da Alemanha unificada.

Neste cargo sem papel executivo, mas que permite uma grande liberdade de expressão, causou polêmica com um impactante discurso em 1997, no qual incentivou os alemães a aceitar reformas sociais e econômicas. "Devemos dizer adeus a nossos amados direitos adquiridos. Estão todos afetados, todos devem fazer sacrifícios, todos devem contribuir", afirmou, pouco anos antes das grandes reformas impostas pelo chanceler social-democrata Gerhard Schröder.

Herzog, que cresceu sob nazismo, pediu perdão aos poloneses "pelo que os alemães fizeram a eles", em 1994, por ocasião do 50º aniversário do gueto de Varsóvia. No ano seguinte, durante o 50º aniversário da libertação de Auschwitz, escolheu assistir a cerimônia judaica no campo de concentração em vez do ato oficial organizado pelo governo polonês.

O Congresso Mundial Judeu saudou nesta terça-feira a memória do ex-presidente, "grande combatente do Estado de Direito e de uma sociedade livre e tolerante". O atual presidente, Joachim Gauck, prestou homenagem a "uma personalidade destacada, que moldou a imagem que a Alemanha tem de si mesma e a coexistência dentro da sociedade".