Carlos Augusto e Henrique Muramoto aguardam a Bluehole liberar servidor para integração dos dados
Carlos Augusto e Henrique Muramoto aguardam a Bluehole liberar servidor para integração dos dados | Foto: Saulo Ohara



Numa ilha gigante de 64 quilômetros quadrados, 100 jogadores saltam de paraquedas com um único objetivo: sobreviver. Precisam de armas, roupas, equipamentos para defesa, entre outros suprimentos. A tensão está a cada movimento, todos são inimigos. Um vacilo e você está morto. Vai ter que esperar a próxima partida.

Este game de enredo simples – mas de uma imersão impressionante – se chama PlayerUnknown's Battlegrounds, ou apenas PUBG, o grande fenômeno dos jogos online de 2017. Dia após dia, o game desenvolvido pela empresa sul-coreana Bluehole Studio bate recordes invejáveis: já ultrapassou a marca de 15 milhões de cópias vendidas e picos superiores a dois milhões de jogadores simultâneos na Steam, maior plataforma de jogos para PCs.

E no meio deste "boom" mundial do PUBG, dois londrinenses tiveram uma sacada incrível. Os irmãos Carlos Augusto e Henrique Muramoto resolveram largar seus empregos de designer e programador, respectivamente, e desenvolver a primeira plataforma mundial para o game no cenário competitivo: a GAMERSPUBG. Um projeto audacioso que está em pleno vapor e tem tudo para ser lançado nos próximos meses.

Fanáticos por videogames desde pequenos – jogaram praticamente todos os consoles - Carlos e Henrique têm familiaridade no assunto. Na adolescência jogavam Counter Strike (CS) e quase foram para o cenário competitivo, mas a vida adulta "bateu na porta" e seguiram nas suas profissões. Mal sabiam que em poucos anos o eSport atingiria tais proporções. Nunca é tarde para recomeçar. "Há alguns meses, um amigo meu apresentou o PUBG e disse que ele ia estourar no mercado. Quando assisti uma stream, não me empolguei. Mesmo assim resolvi testar, comprei o jogo, fui pegando gosto e logo estava viciado", relata Carlos.

Foi questão de tempo para surgir a ideia da plataforma competitiva, já comum em outros games online. No projeto criado pelos irmãos, o gamer joga diariamente através da plataforma e recebe pontos por isso, tudo gratuitamente. No final do mês, com esses pontos participa de competições e pode ganhar prêmios. "Diferentemente de outras plataformas, criamos um método que todos podem jogar de graça e concorrer a prêmios. Queremos trazer uma experiência completa aos jogadores. Além da plataforma em desenvolvimento, criamos um blog para o pessoal ficar antenado no mundo do PUBG, fazemos lives diariamente e ainda vamos lançar uma loja virtual com produtos do jogo".

PRÓXIMOS PASSOS
Neste momento, o Henrique trabalha na programação da plataforma. Eles estão na expectativa da Bluehole autorizar o quanto antes o andamento do projeto e liberar o servidor para integração dos dados. "Estamos numa fila de prioridade (da empresa) e eles disseram que na próxima oportunidade vão avaliar o que conseguimos até o momento. Isso pode acontecer logo nos próximos meses", explicam.

Se depender da comunidade brasileira que é apaixonada pelo game, logo teremos diversos jogadores imersos na criação dos irmãos Muramoto. A apresentação do projeto foi muito elogiada pela comunidade do game. Em pouco mais de 40 dias, são mais de 2,7 mil curtidas na página do Facebook e dezenas de pessoas assistindo as lives diariamente. O retorno financeiro dos irmãos virá através de patrocinadores e também venda de pontos, para aqueles gamers que não conseguirem jogar com muita frequência. "Se a pessoa jogar de forma saudável os desafios, vai conseguir a vaga para o torneio, mas se ela não tiver essa frequência por algum motivo, também pode comprar os pontos."

Para eles, o maior desafio até agora está sendo "sobreviver" com as economias até o projeto vingar, de fato. É a vida imitando os games.
Para quem quiser conhecer mais sobre o projeto, basta acessar o site gamerspubg.com.br

De um casamento frustrado em Varginha para o mundo
Um irlandês de 41 anos que veio morar em Varginha (MG) depois de se apaixonar por uma "bela brasileira". O casamento não deu certo e, em meio a frustração amorosa e juntando dinheiro para voltar para casa, surgiu as primeiras ideias do game Playerunknown's Battleground's. Esta história - que lembra mais um roteiro de filme hollywoodiano - é de Brendan Greene, criador de PUBG. Conhecido na internet como "Playerunknown", ele esteve de volta ao País durante a Brasil Game Show (BGS), em São Paulo, agora famoso no cenário. Aliás, uma das novidades é que o jogo será lançado nos consoles: exclusivo para Xbox One.

A história fica mais impressionante porque Greene até então não tinha vínculo algum com a indústria de games. Web designer, gostava de jogos que tratavam de sobrevivência, mas dificilmente se empolgava com o que era oferecido pelo mercado de "triple As". Alguns jogos que curtia eram ArmA e H1Z1, e foi neles que criou o 'mod' Battle Royale, em que apenas um jogador sobrevive ao final da partida. A partir daí, muitos gamers emplacaram neste sistema de partida e PUBG começou a nascer gradativamente.

Hoje, já como diretor criativo da sul-coreana Bluehole, Greene não titubeia em dizer que sabia que faria sucesso. "Eu sempre soube que o 'mod' Battle Royale seria popular. Na minha primeira entrevista na Bluehole, o diretor executivo me perguntou quantas cópias eu esperava vender, e eu disse 'um milhão em um mês, facilmente'. Eu não queria parecer arrogante, mas sempre imaginei que seria um game popular", disse ele, em entrevista ao site da Rolling Stone norte-americana. Sem dúvida, acertou em cheio. (V.L.)