Os "piratas" encontraram uma nova forma de distribuir ilegalmente conteúdo de canais pagos. Se os decodificadores de canais já haviam se tornado uma estratégia bem consolidada e fortemente combatida, a bola da vez é o "livestreaming" de conteúdo pago em sites na internet, diz estudo realizado pela empresa mundial de segurança para plataformas digitais Irdeto. Para assistir ao conteúdo pela TV, os piratas oferecem dispositivos de streaming, cuja comercialização não é ilegal. Anúncios desses devices podem ser facilmente encontrados em sites de venda conhecidos.

Os serviços piratas de assinatura de canais são atrativos aos consumidores. A Irdeto estima que um fornecedor típico de canais piratas oferece uma média de 174 canais, podendo chegar a mais de 1.000. Metade dos canais oferecidos é relacionada a esportes, mostrando que os piratas estão atentos ao que o consumidor procura. Outra característica desses serviços está no preço: sem os custos da aquisição legal de direitos e conteúdos, os piratas conseguem oferecer o serviço aos seus "clientes" por valores que chegam a US$ 194,40 ao ano (ou US$ 16,20 ao mês), sendo que o preço médio da TV a cabo nos EUA chega a US$ 103,10 ao mês.

As visitas aos sites desses serviços chegam a 16 milhões por mês, o que revela o grande potencial de crescimento dos piratas. Importante ressaltar que os números levam em conta apenas 100 dos principais fornecedores de IPTV piratas do mundo, e portanto, esses números podem ser bem maiores, lembra Gabriel Hahmann, diretor de Vendas da América Latina e do Caribe da Irdeto.

Imagem ilustrativa da imagem Rede pirata



Como agem
A atuação dos piratas envolve a captação de conteúdo de TV paga pelo computador usando equipamentos de decodificação e a redistribuição via internet, explica Hahmann. O assinante assiste ao conteúdo por meio de dispositivos com acesso à internet, ou adquire um dispositivo para assistir aos canais distribuídos ilegalmente pela TV, como se fosse um set top box de serviços legítimos de TV por assinatura.

"Os piratas avançaram tanto que você entra no site deles e é difícil identificar que é pirata. Ele agrega funcionalidades que estão disponíveis em qualquer outro serviço, como pagamento com cartão de crédito", conta Hahmann. Dessa forma, mesmo os consumidores que tinham a intenção de contratar um serviço legítimo de assinatura de canais pode acabar sendo enganado e adquirir um serviço pirata. "A identificação de um serviço pirata nem sempre é fácil, até mesmo para um usuário treinado, mas alguns fatores podem ajudar a identificá-lo (veja no infográfico)."

Para o diretor da Irdeto, embora a maior parte dos acessos a visitas mensais a sites de fornecedores de IPTV pirata esteja nos EUA e no Reino Unido, a distribuição ilegal de conteúdo pela internet amplia o impacto desses negócios em nível mundial. "O problema da pirataria é mundial. Até porque como a distribuição é pela internet, a pessoa pode estar em qualquer lugar do mundo e acessar qualquer tipo de conteúdo."

O caminho dos piratas nesse novo filão é livre, pois não depende mais de um decodificador na casa das pessoas: qualquer dispositivo com acesso à internet ou para acesso à internet já permite que os consumidores possam assistir ao conteúdo distribuído ilegalmente. E a forma de identificar os piratas que atuam na internet é mais difícil, observa Hahmann, pois os servidores onde fica hospedado o conteúdo distribuído ilegalmente pode estar em qualquer lugar do mundo.