Eduardo Figueiredo e Jaime Sonoda Neto: digitalização do processo diminui risco de fraude
Eduardo Figueiredo e Jaime Sonoda Neto: digitalização do processo diminui risco de fraude | Foto: Ricardo Chicarelli



As denúncias da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, e tantas outras relacionadas aos alimentos, trouxeram preocupações sobre a procedência e o caminho feito pelos produtos alimentícios desde a matéria-prima. A rastreabilidade é a medida adotada pela cadeia produtiva para dar transparência ao processo, e a tecnologia permite que os dados sobre o manejo e o processamento de alimentos se tornem cada vez mais acessíveis e confiáveis.
Em Londrina, a união de duas empresas de tecnologia – Automatiza.NET e SBR - geraram uma startup que vai lançar, no pavilhão Smart Agro da ExpoLondrina, um aplicativo voltado à rastreabilidade de grãos, mas que pode ser aplicado a outras commodities. Eduardo Figueiredo, um dos sócios da startup, chamada CTA, lembra que até hoje a certificação das informações das inspeções realizadas durante a movimentação da carga de grãos é feita em papel. O aplicativo, batizado de Laudo Digital, quer digitalizar o processo para agilizá-lo e diminuir o risco de erros e fraudes. "A gente achou uma oportunidade de negócio para tirar um pouco do ‘humano’ do processo e de certificar a informação na hora em que ela é coletada", comenta Jaime Sonoda Neto, também sócio da CTA.

Ainda hoje, a certificação das inspeções de grãos é feita no papel
Ainda hoje, a certificação das inspeções de grãos é feita no papel | Foto: Anderson Coelho/22-02-2017



Ao fazer a inspeção, o classificador de grãos ou a empresa certificadora proveem a um banco de dados centralizado, pelo aplicativo, informações que também levam em consideração a qualidade da commodity. Uma foto da carga deve ser anexada aos dados para identificá-la. A informação, criptografada, chega a todos os envolvidos - fornecedor, comprador e vendedor -, em tempo real. "O objetivo de transformar isso em ferramenta tecnológica é ter a informação em tempo real e certificada. Hoje, todas essas informações existem, mas estão descentralizadas e cada um usa o padrão que quer. É uma plataforma tecnológica que unifica a informação, padroniza e a fornece em tempo real para que seja usada por diversas instituições, desde armazenadoras, exportadoras, até instituições financeiras", explica Sonoda Neto.

Eduardo Figueiredo também ressalta que, usando a tecnologia, é possível fazer a rastreabilidade em todos os pontos da cadeia de commodities agrícolas - gestão, origem, logística e comercialização no mercado interno e externo. Um novo QR Code com as informações da carga é gerado em todas as etapas da movimentação. "Hoje a rastreabilidade é feita de maneira muito amostral, e não carga a carga, em todos os pontos. Posso ter alterações por fraude, adulterações e alterações no nível de qualidade (da carga) em capa etapa", observa Figueiredo. "A grande sacada de fazer a rastreabilidade ponto a ponto é que você descentraliza o poder da informação. Quanto mais pessoas envolvidas no processo de certificação, de classificação, mais difícil corromper a cadeia toda", completa Sonoda Neto.

Segundo os sócios, potenciais clientes operacionais do aplicativo seriam cerealistas, cooperativas, grandes produtores rurais, indústrias alimentícias, granjas de suínos e aves, criações bovinas e tradings. Instituições financeiras, seguradoras e órgãos públicos podem fazer uso das informações proporcionadas pela ferramenta para a tomada de decisão.