Telefone fixo e computador de mesa dão lugar ao smartphone e ao notebook no apartamento do estudante Lucas Lopes: mobilidade
Telefone fixo e computador de mesa dão lugar ao smartphone e ao notebook no apartamento do estudante Lucas Lopes: mobilidade | Foto: Marcos Zanutto



O estudante de Administração Lucas Lopes não tem nem computador de mesa nem telefone fixo em casa. "Aquele aparelho ali é só o interfone (do prédio)", avisa. Em seu apartamento, localizado ao lado da Universidade Estadual de Londrina (UEL), o espaço é ocupado apenas por um notebook e uma TV ligada a um console de videogame. Sempre por perto do estudante ficam o smartphone e o iPod.
Essa é a realidade de muitos jovens da geração de Lucas. Na opinião do estudante, daqueles que nasceram de 1995 para frente, ninguém mais tem interesse em ter um telefone fixo ou um computador de mesa em casa. Mas diz concordar mais com o desaparecimento do primeiro item do que do segundo. "O PC de mesa vai assumir outro papel", afirma. Um exemplo é para games. Como para jogar é preciso um equipamento mais robusto, o computador de mesa continua sendo a melhor opção. Já o telefone fixo está mesmo fadado a desaparecer. "Só minha avó ainda usa." Para jovens como Lucas, que estuda em um período do dia e trabalha em outro, ter um telefone fixo deixou de ter sentido. "Se eu não tivesse celular, ficaria incomunicável."
Pesquisa encomendada ao Instituto Datafolha pelo Instituto de Engenheiros Eletricistas Eletrônicos (IEEE) com pessoas a partir dos 16 anos de idade mostrou que o telefone fixo (36%), o computador de mesa (29%) e as câmeras digitais (24%) são considerados os itens tecnológicos mais supérfluos para 2017. Entre os mais jovens (entre 16 e 24 anos), o percentual de rejeição a esses itens aumenta: vai para 38%, 37% e 28%, respectivamente. E entre os mais velhos (acima de 60 anos), diminui: vai para 28%, 19% e 12%.
A pesquisa teve o objetivo de investigar a opinião das pessoas sobre as principais tendências tecnológicas para 2017 na mesma época em que acontecia o maior evento de eletrônicos de consumo do mundo – o Consumer Electronics Show (CES). O evento terminou nesse último domingo, em Las Vegas (EUA).
Segundo o IEEE, esses três itens – telefone fixo, computador de mesa e câmeras digitais – podem ter sido considerados supérfluos por um motivo: "basicamente é porque o smartphone está substituindo tudo isso", diz Paulo Miyagi, membro sênior do IEEE e professor titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP). Tanto é que o dispositivo e baterias mais "inteligentes" foram considerados os itens mais influentes para este ano por 35% e 33% dos entrevistados. O telefone inteligente adquire percentual ainda mais alto entre os mais jovens (45%). "Os smartphones vão ser cada vez mais relevantes", opina o estudante Lucas Lopes. "É uma tecnologia muito útil, fica difícil fugir dela. Ela integra tanta coisa dentro dela que não há nada que a substitua."
Para o futuro, estudos preveem que o computador de mesa e o telefone deixarão de existir da forma como os conhecemos e estarão em diversas partes da casa, podendo ser acionados pelo celular, afirma o membro sênior do IEEE. "Uma mesa, uma parede vão ser telas de computador que poderão ser acionados pelo smartphone. Se quero me comunicar por voz, e até imagem, o telefone vai estar embutido em várias partes da casa. Não enxergaremos ele. O smartphone aciona o dispositivo de comunicação mais próximo de você."

Imagem ilustrativa da imagem Ocaso



Desejados
O estudo também perguntou qual a tecnologia que os entrevistados desejam ver disponíveis em 2017. Baterias mais inteligentes apareceram nos resultados mais uma vez, além de carros mais inteligentes e veículo elétrico. "Bateria é um problema hoje e todo mundo procura uma solução interessante para isso", comenta Miyagui. Como consequência, as fabricantes precisarão "correr atrás da novidade que possa garantir o seu futuro", diz o membro sênior do IEEE.