Imagem ilustrativa da imagem Obra de arte em formato 2D
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Ao caminhar por cenários magníficos, o jogador se sente tenso num mundo completamente ditatorial e intrigante de Inside



Há exatos 20 anos, um jogo chamado Super Mario 64 trouxe, definitivamente, a tecnologia 3D de forma impactante para o mundo dos videogames. A liberdade de se explorar os cenários em todas as direções transformou a forma da indústria desenvolver games, tanto que até hoje o que se vê são muitos jogos de mundo aberto tridimensionais, que se tornaram até massantes e repetitivos.
Com essa evolução na programação, os jogos 2D Side Scrolling – aqueles em que há apenas uma câmara lateral em que é possível andar com o personagem apenas para frente e para trás – acabaram ficando cada vez menos recorrentes entre as grandes empresas, se tornando uma aposta maior entre as produtoras independentes, nos chamados jogos indies. Mas para a sorte dos jogadores que apreciam este tipo de game, hoje quem se dedica a este formato entrega produtos simplesmente espetaculares, completamente fora do que o mercado tradicional oferece. "Ainda tenho muitos clientes que vêm até a loja procurar este tipo de jogo", explica Gabriel Modenuti, proprietário da Koopa Troopa Games, em Londrina.
Dos poucos jogos que conseguem oferecer isso aos jogadores atualmente, "Inside", lançado há uma semana, já ocupa o posto de um dos melhores que ainda apostam neste formato, digamos, "retrô". É claro que o game não é um 2D simples - está mais para um 2,5D, já que os cenários possuem profundidade -, mas que consegue amarrar com maestria, simplicidade, beleza e uma história envolvente do começo ao fim. A reportagem da FOLHA jogou Inside e ficou impactada com o que viu.

ARTE E FILOSOFIA
Sem dúvida, a pequena produtora dinamarquesa Playdead, de apenas 25 profissionais, mostra que utilizar este formato ainda pode ser muito rentável. A história criativa e perturbadora de Inside vem da cabeça brilhante de Arnt Jensen, dono da publisher. O jogo, que gerou um burburinho gigantesco em toda a mídia especializada pelo mundo, traz conceitos artísticos e filosóficos aos jogadores.
Em Inside, o jogador controla um pequeno rapaz, que está fugindo de um local opressor que aparentemente realiza experiências de controle mental com pessoas comuns. No formato de Side Scrolling, a sacada do game está em resolver puzzles complexos e intuitivos, usando apenas dois botões do controle. Vale ressaltar: nenhuma palavra é dita durante todo o game. Tudo é explicado através de ações impactantes.
Ao caminhar pelos cenários magníficos, o jogador se sente tenso neste mundo completamente ditatorial e intrigante. Perguntas recorrentes chegam em nossa mente durante o gameplay: "O que está por vir?", "por que estão fazendo isso?", "que fim teremos nesta história tão dura e surreal?". No final, nem todas as perguntas terão respostas, mas um fato é certo: o jogador ficará de queixo caído com o desfecho. Inside é um daqueles games que se joga raramente e te faz refletir dias sobre ele. Os games 2D vão muito bem, obrigado.