Embora um pouco confusa, história do game retrata a capital checa dividida entre humanos e seres com próteses mecânicas futuristas no ano de 2029
Embora um pouco confusa, história do game retrata a capital checa dividida entre humanos e seres com próteses mecânicas futuristas no ano de 2029 | Foto: Divulgação
Após uma boa dose de paciência, a estratégia começa a se tornar familiar, enredo cresce e o jogo se torna bem envolvente
Após uma boa dose de paciência, a estratégia começa a se tornar familiar, enredo cresce e o jogo se torna bem envolvente



Em jogos de videogame, por muito tempo os combates corpo a corpo é que deixavam os jogadores em frenesi. Não importa se era na base da pancada ou tiroteio, o negócio era derrotar os inimigos da forma mais frenética e intensa possível. Entretanto, a indústria de games – em constante inovação – aos poucos foi introduzindo jogos, digamos, mais estratégicos e pensados. A partir da década de 1990, desenvolvedores começaram a focar nos chamados jogos de furtividade (ou stealth, para os mais íntimos), em que a habilidade de se esconder, surpreender os inimigos no silêncio e, claro, passar desapercebido é que ditam o gameplay.
Uma das franquias mais estrondosas deste gênero é Metal Gear Solid, do idolatrado desenvolvedor japonês Hideo Kojima. Nos últimos anos, uma avalanche de jogos neste formato chegou ao mercado, alguns sempre fazendo muito sucesso, como é o caso da série Hitman, Tom Clancy’s Splinter Cell e Syphon Filter, que infelizmente ficou no passado. Em 2016, sem dúvida, quem está chamando a atenção com parte deste formato é Deus Ex: Mankind Divided, desenvolvido pela Eidos Montreal e distribuído pela Square Enix.
A reportagem da FOLHA jogou o lançamento e não titubeia em cravar: Deus Ex não é para qualquer um. Esqueça a jogabilidade trivial; o game é para jogadores experientes, dedicados, que possuem paciência para enfrentar cada um dos levels muito bem desenvolvidos e cheios de alternativas. A furtividade aqui não é uma experiência rasa, e sim uma necessidade em que é preciso um mergulho completo.

Refinamento
Mankind Divided é uma sequência mais refinada comparada ao primeiro título, Human’s Revolution, lançado em 2011, principalmente quando se trata de jogabilidade. O que chama a atenção logo de primeira é a história atrativa, embora algumas vezes confusa. Na pele de Adam Jensen, um ex-membro da SWAT, o jogo se passa em Praga, capital da República Checa, em 2029, num momento tenso em que a sociedade se divide entre os chamados humanos puros e os "aprimorados", pessoas que utilizam próteses mecânicas futuristas que acabaram causando sérios problemas à humanidade.
É claro que Jensen é um desses que acabaram passando por essa "mutação" tecnológica (uma espécie de Robocop moderno), o que o coloca numa situação delicada, precisando utilizar para o bem suas modificações corporais neste ambiente cyberpunk de opressão. Aliás, vale dizer que o jogo conta com um pequeno filme de 12 minutos que conta toda a história de forma detalhada. Não precisa se desesperar para entender o que se passa.
Para quem nunca jogou Deus Ex, o gameplay pode parecer confuso no início, por mesclar a câmera em primeira pessoa (como um FPS tradicional) e outra em terceira pessoa, quando o personagem se esquiva pelos corredores escuros ou atrás de objetos, além de elementos de RPG bem ricos. O jogo, entretanto, proporciona configurações de controle que tornam tudo bem intuitivo. A liberdade das ações – com possibilidades gigantescas num mundo semiaberto – é que ditam longas horas no game.

Dificuldade
Logo no primeiro level, a reportagem sentiu o nível de dificuldade elevado. Pegar sua arma e partir para cima com impetuosidade é loucura. Foque no mapa, escolha um caminho e tente pegar seus inimigos por trás. Após uma boa dose de paciência, a estratégia começa a se tornar familiar, enredo cresce e o jogo se torna bem envolvente. No que diz respeito aos gráficos, Deus Ex cumpre com o que os consoles atuais propõem: nada muito impactante aos olhos, mas sem oscilações nos quadros por segundo.
Com uma ambientação digna de aplausos e de liberdade incrível, gameplay que mescla ação, furtividade e toques de RPG, Deus Ex, sem dúvida, é um lançamento de peso para este ano. Só não espere moleza. Paciência aqui é a palavra chave.