Imagem ilustrativa da imagem Freud explica?
| Foto: Marcos Zanutto



Fazer terapia por um aplicativo e atacar problemas da mente humana por meio de uma plataforma on-line é algo possível hoje. E trata-se de uma possibilidade que tem se tornado cada vez mais atrativa, uma vez que o contato virtual já faz parte da rotina pessoal e profissional de muitas pessoas. Exemplo é o FalaFreud, um aplicativo criado no Vale do Silício pelo brasileiro Yonathan Yuri Faber que conecta terapeutas a usuários, tal qual os conhecidos aplicativos de transporte.

O FalaFreud foi lançado em outubro e, apesar de não divulgar o número de usuários, diz que tem a pretensão de chegar aos 150 mil clientes no período de um ano. Segundo o fundador, 50 profissionais estão cadastrados na plataforma, mas mais de 7 mil se cadastraram interessados em atender pelo aplicativo. "Antes de cadastrarmos o terapeuta na plataforma é feita uma triagem rigorosa e análise dos documentos e credenciais fornecidas pelo profissional", assegura o criador.

Os usuários pagam R$ 299 para falar de maneira ilimitada com um terapeuta. O profissional acessa a plataforma pelo menos duas vezes ao dia para atender às demandas dos usuários. "Os terapeutas trabalham com os seus pacientes no decorrer do dia, mas a partir do momento que ele estiver trabalhando com um paciente, a sua atenção será única e exclusiva para aquele paciente", explica Faber.

O criador do app contou, em entrevista por e-mail, que resolveu criar o FalaFreud quando precisou entrar em contato com a antiga terapeuta, mas naquele momento estava morando em Nova Iorque. "Iniciamos um contato pelo WhatsApp e daí surgiu a ideia de que muitas pessoas estariam na mesma situação que a minha. Fazer terapia por meio do app é mais simples, moderno e acessível ao público em geral."

Ele ressalva, entretanto, que nem todas as demandas dos usuários podem ser atendidas pelo aplicativo. "Existem vários estudos que comprovam a eficácia da terapia online, mas há as suas limitações e nem todas as demandas podem ser trabalhadas online. O próprio profissional vai recomendar a terapia presencial. Isso mostra que o aplicativo não irá substituir o consultório, pois sempre haverá demanda para ambos."

Diferenças
Coordenador da Comissão Gestora da Subsede de Londrina do Conselho Regional de Psicologia da 8ª Região (CRP-08), o psicólogo Stelios Sdoukos destaca que há diferenças fundamentais entre o atendimento on-line e o presencial por um profissional da Psicologia."O atendimento presencial tem características que não conseguem ser reproduzidas on-line no que diz respeito à construção de um vínculo, relação humanizada e questões de observação do seu cliente. Todo ambiente on-line tem restrições de contato, de interação."

Ao mesmo tempo que alerta para as diferenças entre o atendimento on-line e o presencial, Sdoukos opina que os serviços virtuais de orientação psicológica são uma nova modalidade que segue a tendência de digitalização. "A gente vive em uma era que é digital. Então, a gente vai ter essa transição de serviços que são presenciais e se tornam digitais, essa é uma demanda real. Acho que isso de orientação on-line existe também para atender uma demanda como essa. Ninguém é contra (as orientações psicológicas on-line), o Conselho Federal de Psicologia também não é, só especifica que sejam feitas orientações on-line, e não psicoterapia. A psicoterapia ainda é de caráter experimental quando no ambiente on-line. Ainda não é liberada para ofertar à população."