Com cada vez mais espaço de armazenamento, computadores, tablets e smartphones são inundados por arquivos e aplicativos. E o usuário nem sempre lembra de fazer limpeza no equipamento, apagando o que não é utilizado. A empresa de segurança cibernética Kaspersky Lab lembra que o "desleixo" pode custar caro: quando "esquecidos", aplicativos podem se tornar portas de entrada para criminosos virtuais. Segundo pesquisa, 63% dos usuários revisam o conteúdo de seus smartphones regularmente. No caso de computadores e tablets, o índice cai para cerca de 50%.

Para a companhia, devido ao espaço mais limitado de armazenamento dos smartphones, os usuários tendem a ser mais cuidadosos com relação ao que mantêm no dispositivo. Cerca de 35% dos pesquisados excluem aplicativos de seus smartphones por falta de espaço em HD, mas apenas 13% o fazem em seus computadores. Com isso, um terço dos aplicativos nos computadores chegam a ser redundantes. Mesmo que não usadas, essas ferramentas continuam ocupando espaço no disco e sendo executadas em segundo plano, colocando em risco as informações sigilosas dos usuários.

Dryele Mayara mantém aplicativos que não utiliza em seu telefone celular
Dryele Mayara mantém aplicativos que não utiliza em seu telefone celular | Foto: Fotos:Saulo Ohara



A chamada "desordem digital" faz parte da vida de boa parte dos usuários de dispositivos, mesmo que eles não se deem conta disso. "Nunca parei para pensar nisso", comenta Giovanni Carnielli, estudante. Ele e Dryele Mayara, que trabalha em um restaurante, admitem que são desorganizados no que diz respeito à instalação de aplicativos em seus smartphones. Carnielli e Mayara afirmam que mantêm aplicativos instalados em seus aparelhos, mesmo que eles não tenham mais utilidade. Um exemplo no smartphone de Dryele é o Snapchat. "Tenho e não uso." O motivo é o fato de outros apps utilizados por ela já oferecerem a mesma funcionalidade.
O que obriga os usuários a fazerem uma "limpeza" em seus dispositivos é mesmo a falta de espaço para a instalação de outras ferramentas. "Às vezes apago (aplicativos) quando vejo que preciso de espaço na memória", conta Carnielli.

Imagem ilustrativa da imagem 'Desordem digital' pode abrir brechas de segurança



O reduzido espaço na memória do telefone do estudante André Sicuro Scremin é a razão para ele manter a organização dos apps do aparelho sempre em dia. "Apago aplicativos quando quero instalar um jogo novo e não tem espaço." No computador, por outro lado, o estudante reconhece que instala jogos "por impulso" e os mantém lá, mesmo sem jogar. "Tenho instalado mais jogos do que posso jogar." Em relação aos seus arquivos digitais, ele também admite ser desorganizado. "Sou bem desorganizado tanto analogicamente quanto digitalmente. Só organizo quando tenho que formatar o computador ou quando a situação está muito desesperadora."

Gerenciar os aplicativos instalados no computador ou dispositivos móveis também significa atualizá-los com frequência, com objetivo de corrigir eventuais problemas de segurança. De acordo com a pesquisa da Kaspersky Lab, 65% dos entrevistados atualizam os aplicativos em seus smartphones assim que instalados, mas apenas 42% o fazem em seus tablets, e 48% em seus computadores. Esse tratamento desigual em computadores, tablets e smartphones pode representar um risco, pois malware em computadores são mais atuantes do que em outros equipamentos.

Falta de ‘limpeza’ pode prejudicar desempenho
Elvis Polli, técnico em informática da Casa do Notebook, em Londrina, orienta o usuário a tirar um "tempinho", pelo menos a cada seis meses, para selecionar os arquivos e aplicativos importantes do computador ou notebook e guardá-los de forma organizada. Em seguida, deve-se mandar os arquivos restantes para a lixeira e desinstalar os aplicativos não utilizados. O histórico de navegação também merece uma "limpeza" periódica.

Do contrário, o usuário pode até mesmo enfrentar problemas de memória e de desempenho. Arquivos duplicados, por exemplo, ocupam espaço de armazenamento. Aplicativos não utilizados também e, se estão sendo executados em segundo plano, ocupam memória RAM e interferem no desempenho do computador. "Tem aplicativos que inicializam junto com o Windows", lembra Polli. Esse é o motivo para o computador, em algumas situações, demorar para inicializar.

Leonardo Capedes, técnico do Conserta Smart, lembra que o uso difundido do WhatsApp deixou os smartphones ainda mais carregados de mídia. "Arquivos que muitas vezes o usuário não gostaria de receber acabam ficando no armazenamento do smartphone, pois a maior parte dos aparelhos salva a mídia automaticamente."

A falta de "higiene digital" nos smartphones pode trazer outras consequências, além da insegurança. "Acaba utilizando muita memória de armazenamento do aparelho deixando-o cada vez mais lento e sujeito a falhas e travamentos." Para manter o dispositivo sempre limpo e organizado, Capedes recomenda apagar aplicativos dispensáveis e criar o hábito de filtrar mídias semanalmente, especialmente aquelas do WhatsApp. Em aparelhos mais simples, com pouco espaço de armazenamento, pode-se usar a versão web (no navegador) de aplicativos como Facebook para economizar espaço de memória. "Além disso é essencial que fotos e vídeos sejam descarregados frequentemente em seu PC ou alguma ferramenta de armazenamento na nuvem."(M.F.C.)