A TP-Link aposta na confiabilidade adquirida no mercado de roteadores wireless  para conquistar o mercado de smartphones
A TP-Link aposta na confiabilidade adquirida no mercado de roteadores wireless para conquistar o mercado de smartphones | Foto: Fotos: Divulgação



A presença de empresas no mercado de smartphones no Brasil é vista como uma aposta certeira. No lançamento de novos aparelhos da sua linha de celulares inteligentes, a Neffos, a TP-Link, companhia chinesa conhecida pelos roteadores Wi-Fi, citou dados que justificam a comercialização dos smartphones no País: trata-se do terceiro maior mercado dos roteadores da empresa e, apesar de o consumo de telefones inteligentes terem apresentado uma curva descendente nos últimos trimestres, há sinais de recuperação. Além disso, o Brasil tem participação de mais de 28% no número de assinantes de telefonia móvel na América Latina, e terá mais de 50% da fatia com o ingresso de mais de 110 milhões de novos assinantes nessa base dentro dos próximos anos.

Mas ainda assim as novas marcas têm o desafio de conquistar o consumidor brasileiro. De acordo com levantamento de um site de pesquisa de preços, os quatro primeiros lugares do ranking das marcas de smartphones mais buscadas apontam para fabricantes já consolidadas nesse mercado. Analista de Pesquisas da consultoria Gartner, Tuong Nguyen descreve o consumidor brasileiro como "brand conscious", ou consciente de marcas, além de desejarem oportunidade de escolhas e valor. Ele discorda quando questionado se os brasileiros são abertos a novas marcas. "Há muitos fabricantes chineses que são novos no mercado e que têm muitas dificuldades de ganhar tração no Brasil. Todas elas oferecem aos brasileiros mais opções, e talvez até valor em termos de especificações chaves por um preço razoável, mas os consumidores não têm familiaridade com essas marcas e têm sido relutantes em adotá-las de maneira significativa."

Nas posições seguintes do ranking das marcas de smartphones mais buscadas, aparecem companhias como Asus (5ª), Lenovo (6ª), Alcatel (8ª) e Quantum (9ª). Isso, na visão de Vicente Rezende, CMO (Chief Marketing Officer) do Buscapé, mostra que marcas novas já começam a despertar o interesse do consumidor brasileiro e podem, eventualmente, virem a ocupar as primeiras posições. A presença delas em outros segmentos de mercado, entretanto, ajudam-nas a conseguirem o reconhecimento dos consumidores. Asus e Lenovo, por exemplo, já são reconhecidas no segmento de computadores. A tradição e o preço, na opinião do CMO, são fatores que determinam a compra do brasileiro.

As fabricantes se mostram confiantes e dispostas a brigar por uma fatia do mercado. Para Marcello Liviero, diretor comercial da TP-Link no Brasil, o consumidor brasileiro "está aberto a novas experiências e a novas marcas" e a maioria troca de celulares a cada dois anos. Outros 14% a cada ano. "O futuro tem números robustos e consistentes que nos deixam bastante confiantes para a nossa atuação", declara Liviero.

A confiabilidade adquirida no mercado de roteadores wireless é uma das estratégias da TP-Link para conquistar o mercado de smartphones. "A nossa experiência no mercado nacional nos dá bastante confiança de que a gente entra nesse mercado para ficar. Não é mais uma aventura, independentemente da nossa performance de venda. Queremos que usuário entenda que somos uma opção confiável de produto, assim como somos em roteadores", comenta Liviero.

A entrada no mercado de smartphones, por sua vez, faz parte da estratégia de IoT (Internet of Things ou Internet das Coisas) da marca, conforme explica o diretor comercial. Nos EUA, a companhia já comercializa dispositivos como o smart plug (tomada inteligente) e o smart bulb (lâmpada inteligente), e o smartphone seria a ferramenta de interação com esses objetos. "O smartphone para nós é mais que uma ferramenta de comunicação. Será uma ferramenta de integração para a nossa plataforma de integração de pessoas com tecnologia IoT. A previsão é a gente consolidar o trabalho em cima dos smartphones para abrir espaço para os produtos smart home no mercado nacional." Os preços da nova família de smartphones da TP-Link Neffos X, composta pelo Neffos X1 e X1 Max, variam de R$ 849,99 a R$1.399,99.

Com menos de um ano no mercado, a Rockcel aposta em aparelhos para consumidores com necessidades básicas
Com menos de um ano no mercado, a Rockcel aposta em aparelhos para consumidores com necessidades básicas



ROCKCEL
Empresa nacional de smartphones com fabricação própria em Avaré (SP), a Rockcel iniciou as suas vendas no País em julho do ano passado, e tem dois modelos no mercado (Quartzo e Opalus). De visão "low cost", a companhia aposta em aparelhos para consumidores com necessidades básicas. Os preços variam de R$ 329 a R$ 599 (opção que vem com um óculos da marca Chilli Beans). "Obviamente esse é um mercado extremamente competitivo. Desde a entrada do ‘digital’ no País sempre tivemos marcas tradicionais no mercado. O nosso posicionamento é sempre oferecer uma ótima relação custo-benefício", comenta Aldo Moino, diretor de Marketing da Rockcel.

O fato de a marca ser brasileira, para o diretor de Marketing, não é o que define o desafio enfrentado pela Rockcel no mercado nacional. "A grande questão são as marcas grandes, que já têm espaço há muito tempo." Porém, Moino se diz tranquilo por considerar que o brasileiro tem perfil "experimentador" e que a marca tem posicionamento claro no mercado. "Temos uma fábrica que não fica devendo nada para ninguém e a entrega do produto reflete a qualidade dela. Com o tempo, a reputação de qualidade vai sendo adquirida."

Imagem ilustrativa da imagem Desafio para novas marcas



‘Tração’ junto aos consumidores
Opções, valor e reconhecimento de marca, para Tuang Nguyen, da Gartner, são importantes para conseguir tração junto aos consumidores. "Acima disso, estar habilitado para trabalhar com as operadoras (Tim, Claro, Vivo, etc) é também muito importante por causa da forte influência delas no Brasil. É muito difícil despertar interesse no mercado de massa vendendo diretamente ao consumidor em lojas do varejo, ou on-line. Ser capaz de construir relacionamentos e conhecer costumes locais e taxas são também um grande desafio para fabricantes internacionais."

Investir no mercado brasileiro de smartphone ainda é um bom negócio por dois motivos, acrescenta Nguyen: "Muitos usuários ainda usam feature phones (celulares básicos) porque os smartphones podem ser muito caros; e outros consumidores podem não ser capazes de comprar aparelhos de marcas líderes como Samsung, Apple, LG. A economia brasileira está mostrando sinais de melhora, o que também deve ajudar as vendas em geral."(M.F.C.)