O trabalho de conscientização sobre aplicativos como o Sarahah também envolve informações sobre as consequências que o uso inadequado pode trazer. O usuário mal intencionado deve saber que o app permite o anonimato, mas isso não quer dizer que as pessoas realmente estejam anônimas, alerta Cristina. "Quem detém o aplicativo com certeza tem informações."
Emerson Rosa, professor do curso de Redes de Computadores da Faculdade Pitágoras, em Londrina, esclarece que, sendo o usuário cadastrado no Sarahah ou não, suas informações de IP ficam armazenadas nos servidores da empresa que desenvolveu o aplicativo. "Mesmo que a pessoa não seja cadastrada, o comentário saiu de algum IP." As credenciais do usuário, então, podem vir à tona caso seja registrado um Boletim de Ocorrência contra ele.
A entrega de tais informações, no entanto, vai depender de tratados entre os países envolvidos na investigação, e o anonimato não impossibilita, mas dificulta a investigação, encorajando usuários que desejam fazer mau uso do aplicativo. "Por isso deu essa febre e o aplicativo superou as taxas de downloads. Foi feito para algo bom, mas acaba sendo utilizado para algo ruim", conclui.
Já para a advogada Cristina Sleiman, independentemente da dificuldade de acesso a informações de usuários através da empresa desenvolvedora, é possível obtê-las de outras formas. "É muito comum a pessoa contar para um grupo, para o melhor amigo. A informação sempre aparece." De acordo com ela, geralmente o ofensor é uma pessoa próxima, e mesmo que ela seja uma criança, seus pais podem sofrer um processo cível e pagar indenização.(M.F.C.)