Uma cidade independente. É assim que muitos londrinenses definem a zona norte, que anos atrás ficou conhecida como Cinco Conjuntos, ou simplesmente "Cincão". A região, até então vazia e distante do centro, onde foram erguidos grandes conjuntos habitacionais, hoje conta com infraestrutura completa – escolas, hospitais, transporte, comércio -, e uma população superior a 200 mil habitantes. É também uma das regiões de Londrina com a maior demanda por imóveis.

Atentas ao potencial imobiliário da região, algumas construtoras passaram a oferecer empreendimentos diferenciados e adequados especificamente para a necessidade dos moradores locais. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon Norte/PR), Rodrigo Zacaria, destaca, como exemplos, os condomínios residenciais horizontais, com áreas de lazer menores, mas bem equipadas, e os condomínios verticais, com até oito pavimentos, infraestrutura completa e elevadores.

Tais equipamentos até então não eram comuns nos edifícios erguidos na zona norte por causa do custo de manutenção, que encarece o valor do condomínio. "Com a melhora do poder aquisitivo da população, já é possível oferecer esse tipo de produto, que é sucesso de vendas", adianta. Aliás, o perfil da população que busca o primeiro imóvel vai desde famílias com renda de até R$ 1,8 mil, que estão dentro da Faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), até aquelas que se encaixam na Faixa 3, com salários de no máximo R$ 6,5 mil. Claro que também moram na zona norte pessoas com maior poder aquisitivo.

Por não ser uma área concentrada e estar a uma distância de mais de 15 quilômetros do centro de Londrina, em média, a zona norte ainda tem uma boa reserva de espaço para construções. "As regiões norte e leste da cidade são as que mais têm espaço para crescer", afirma Zacaria. Na norte, por ser maior e concentrar mais pessoas, a demanda por imóveis é mais expressiva. E as construtoras têm lançado produtos para atender essa fatia da população que deseja sair do aluguel, em especial recém-casados e famílias com filhos. Para se ter uma ideia, apenas a Yticon e a MRV lançaram, juntas, cerca de 3 mil unidades naquela área nos últimos anos.

Aliás, o mercado imobiliário na região teve uma retração menor do que comparada a outras partes de Londrina. É o que afirma o presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Londrina (Sincil), Marco Antonio Bacarin. "Com a verticalização, muitas pessoas que moravam em casas se mudaram para apartamentos que, embora não ofereçam o mesmo conforto, dão mais segurança", afirma. Ele lembra que, como o preço médio dos terrenos é menor na zona norte, os valores dos imóveis são mais acessíveis, variam entre R$ 150 mil e R$ 300 mil, em média. O preço menor, no entanto, não significa que os empreendimentos são de baixa qualidade.

Valorização
Se os terrenos residenciais possuem preços mais baixos, os pontos comerciais são extremamente valorizados. O metro quadrado na Avenida Saul Elkind é mais caro do que na principal avenida de Apucarana, só para fazer uma comparação. Alguns preços chegam a ser equivalentes ou até mais altos do que os comercializados na própria Avenida Higienópolis, no centro de Londrina, segundo informações do Sincil e Sinduscon. Bacarin aponta que essa supervalorização dos espaços na Saul Elkind levou empreendedores a explorar outras áreas, como a Avenida das Torres. Para ele, a expectativa é que na área onde será erguido um novo parque industrial haja uma grande demanda habitacional.