A construção civil também tem um papel muito importante na atribuição de funções socioambientais dos edifícios. Segundo a professora do Departamento de Construção Civil da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Ercília Hitomi Hirota o conceito de ambiente construído tem a preocupação de avaliar não só a edificação, mas todo o seu entorno. "O ambiente construído apresenta diversos impactos, não só ambientais, com a utilização de matérias-primas da natureza, mas também sociais, afetando a saúde, a qualidade de vida dos moradores", explica.

Daí o importante papel do projetista, que precisa pensar em formas de reduzir ao máximo esses impactos. "Ele precisa pensar em como atender as necessidades dos moradores para que não haja reformas logo após a ocupação, em como aproveitar melhor a iluminação natural e a ventilação para que os moradores tenham um menor consumo de energia, em como compensar a vizinhança pelos impactos causados", elenca a professora.

Mas, segundo ela, raramente o profissional que elabora o projeto de uma edificação tem tempo hábil e condições para pensar em todas essas questões. "O projeto é pouco valorizado. Apesar de definir 85% do custo de uma edificação, o projeto representa apenas de 3% a 5% desse custo", afirma.

Mesmo quando o edifício dispõe de mecanismos que trabalham a favor da sustentabilidade, é fundamental que o síndico faça uma boa gestão deles. O gestor ambiental Alexandre Fabian Braz cita, por exemplo, a falta de aproveitamento de água da chuva. "Todo edifício residencial tem a peculiaridade de ter um ralo na cobertura para escoar a água da chuva. Essa água fica armazenada e poderia ser utilizada na lavagem de garagens, rega de jardins, mas muitos condomínios bombeiam essa água para fora. É irracional", avalia. "Em São Paulo, por exemplo, temos 30 mil condomínios. Imagine se cada um deles aproveitasse essa água captada." (J.G.)