Agnaldo Guerra aproveitou o desconto e alugou duas salas comerciais para ampliar a empresa: "Hoje, somos em três parceiros"
Agnaldo Guerra aproveitou o desconto e alugou duas salas comerciais para ampliar a empresa: "Hoje, somos em três parceiros" | Foto: Gustavo Carneiro



Quem caminha pelo centro da cidade com frequência já deve ter notado a quantidade de imóveis comerciais disponíveis para locação. A crise econômica fez com que muitas empresas fechassem as portas e pontos antigamente muito disputados entre empreendedores têm ficado vazios durante meses. Dados do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR) apontam que, em julho, havia 385 salas para locação só na região central de Londrina. Para manter as salas alugadas, muitos investidores têm aceitado baixar temporariamente o valor da locação e oferecido condições especiais de pagamento aos novos locatários.

Num cenário em que a oferta é muito maior que a procura, é possível fechar excelentes contratos. O representante de consórcios Agnaldo Guerra aproveitou a oportunidade para alugar uma sala comercial de 25 metros quadrados no Edifício Twin Towers e iniciar um negócio próprio em fevereiro deste ano. Segundo Guerra, o desconto de 50% nos seis primeiros meses de locação foi o principal incentivo. O benefício foi tão atrativo que, recentemente, o empresário decidiu locar mais uma sala, um pouco maior, de 30 metros quadrados, nas mesmas condições, para ampliar a empresa. "Hoje, somos em três parceiros, e agora vamos montar uma equipe de aproximadamente seis vendedores", comemora.

De acordo com o diretor do edifício, José Roberto Mailan, a baixa procura pela locação de salas fez com que o empreendimento decidisse oferecer descontos especiais aos novos locatários. "Jamais vivemos uma situação como essa", lamenta. O objetivo é que a promoção atraia mais empresas e que os preços baixos justifiquem uma mudança de ponto. Segundo Mailan, as duas torres de 20 andares cada, localizadas na Avenida Tiradentes, possuem salas de variados tamanhos. "Como o prédio todo é de uma única empresa, uma das vantagens é poder começar numa sala menor e depois migrar para uma maior sem ter que pagar multa por rescisão de contrato", aponta.

Imagem ilustrativa da imagem Imóveis comerciais: variedade e bons preços



A proprietária de uma loja de roupas e acessórios femininos, Ellen Marianne de Santana, aproveitou as boas condições atuais de preços para mudar de ponto. A loja existe há dois anos na Rua Goiás, mas o espaço ficou pequeno. "As clientes também reclamam bastante do estacionamento", justifica. Depois de pesquisar bastante, ela encontrou uma casa, na Avenida JK, não muito distante do ponto atual e que, além de maior, oferece quatro vagas para carros. "Fiz um contrato de dois anos por praticamente a metade do preço normal", comemora.

Mas a empresária lembra que, para fazer bons negócios, é importante pesquisar bastante. "Tem muita oferta, mas várias salas não estão em boas condições. Como o preço está mais baixo, os proprietários não estão investindo em reforma", argumenta. Ela aguarda a finalização da pintura para mudar de endereço até o próximo mês.

A gerente-geral da Imobiliária Santamérica, Daniele Pessoa Ricieri, confirma a baixa nos preços e diz acreditar que os valores devem cair ainda mais. Ela conta que tem sido comum a renegociação dos aluguéis. "Empresas grandes, que pagavam aluguéis altíssimos, estão conseguindo negociar locações mais baratas. Os empresários têm pedido até 20% de desconto na locação e conseguido. Mas não temos visto tantas mudanças de ponto", afirma. Isso tem ocorrido, segundo Daniele, especialmente em contratos entre investidores e bom pagadores, porém, ela ressalta que essas condições especiais são temporárias, em média, por um período de seis meses.