Gerar energia na própria residência por meio da luz solar e, com isso, diminuir o valor da conta mensal de luz é uma possibilidade que existe já há alguns anos, mas que tem despertado mais atenção com os aumentos recentes no preço do insumo. A instalação das chamadas placas fotovoltaicas, normalmente nos telhados das edificações, exige estudo prévio e acompanhamento técnico apurado, além de cálculos precisos.
A aposentada Regina Grossi Campos, 60, considerou viável a adoção do sistema na casa onde vive com o marido, em Londrina. A instalação, feita por uma empresa local, começou a funcionar em outubro de 2015 e o impacto na conta de energia foi imediato.
"Decidimos colocar porque a conta da energia começou a subir demais. A gente fez as contas e achou que era bem vantajoso produzir a nossa própria energia. A conta caiu já no primeiro mês; o relógio antigo girava para trás", relata a aposentada.
O sistema produz energia por meio da insolação e à noite, quando não há luz, a residência utiliza a fornecida pela Copel. Quando há excedente na geração, a casa devolve na rede da operadora. Para garantir o sentido bidirecional da energia, é preciso um relógio próprio, instalado após visita e aprovação do sistema fotovoltaico. Para Regina, o investimento "já se pagou".
"A gente entrou quando o dólar estava em baixa, antes de subir, e também não pensamos em retornar aquele dinheiro, mas nas vantagens mensais", expõe a consumidora. Mas o investimento inicial continua sendo um grande empecilho para a popularização dos sistema de placas fotovoltaicas.
William da Silva, técnico da Fotovoltec, empresa londrinense que atua nesse segmento há 20 anos, explica que as placas são importadas, de fabricação especialmente na China, além do cabeamento alemão e do inversor austríaco. Ou seja, com o aumento do dólar, todas as partes encarecem.
Para calcular exatamente a necessidade do cliente, a empresa parte de uma conta de energia mensal da casa, que mostra o consumo em kilowatts/hora. Esses dados são colocados em uma planilha que aponta quantas placas serão necessárias para aquele consumo e em quanto tempo o sistema vai se pagar.
"Por exemplo, para um consumo de 300 kw/h por mês, montamos o sistema que oferece uma folga porque sabe que não é todo dia que faz sol. O mínimo que trabalhamos é com 300 kw/h mês e seis placas, o projeto mais comum", detalha Silva.
O técnico diz que Regina tem o perfil médio dos clientes da Fotovoltec, que começou a atender residências apenas em 2014. "Pensamos que seria gente entre 30 e 40 anos, mas a faixa é entre 40 e 60, um pessoal que já investiu muito na vida e tem consciência para a geração que está vindo", afirma.
Embora o apelo ambiental exista, Enerdan Dal Ponte, do Núcleo de Energia do Senai-PR, acredita que a economia ainda seja o principal apelo para a adoção das placas fotovoltaicas. Segundo ele, indústrias têm acreditado muito no sistema para cogeração de energia.
"As placas duram em torno de 25 anos. Se você pensar no investimento que se faz, com o aumento do dólar, da tributação, e um prazo de dez anos para se pagar, ainda tenho 15 anos para aproveitar essa luz sem custo", aponta.

TRÂMITE
Ao adotar o sistema de microgeração ou minigeração de energia por meio de placas fotovoltaicas, o consumidor residencial ou comercial deve informar à Copel. Os trâmites para a solicitação de acesso podem ser encontrados no site da operadora e incluem uma vistoria posterior para verificação da instalação.
De acordo com Fabiano Meier, da divisão de Engenharia de Medição da Copel, o medidor de energia tradicional é substituído por outro que possibilite a injeção de energia na rede elétrica.
"Sempre que a geração de energia for superior ao consumo da residência/comércio em um determinado momento, haverá um excedente dessa energia gerada que será injetada na rede da Copel. Essa injeção de energia fica limitada à potência disponibilizada (chave geral da entrada) para esta unidade consumidora", esclarece.