O uso do chuveiro elétrico é o que mais impacta no consumo das residências
O uso do chuveiro elétrico é o que mais impacta no consumo das residências | Foto: Shutterstock



A conta de luz é uma das "vilãs" do orçamento doméstico. E a má notícia é que ela ficará mais cara até, pelo menos, novembro. Isso porque a previsão de falta de chuvas no segundo semestre deverá aumentar os custos de operação do sistema elétrico, já que será necessário acionar mais usinas termelétricas para dar conta da demanda. O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, adianta que, provavelmente, as contas continuarão com bandeira vermelha até o fim do período seco. O que fazer, então, para economizar e sentir o menor impacto possível no bolso?

O coordenador do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Norte do Paraná (Unopar), José Augusto Coeve Florino, afirma que o uso do chuveiro elétrico é o que mais impacta no consumo das residências. E, segundo ele, existe um mito de que o equipamento de 220W gasta menos energia que o de 110W, mas não é bem assim. "Na verdade, pagamos pelo consumo em quilowatts (kW). Na hora da instalação, o 220W pode ficar mais barato, mas na conta não influencia tanto", aponta. O aquecedor a gás é uma alternativa ao chuveiro elétrico, porém o investimento é mais alto. O retorno é de médio a longo prazo.

Portanto, quem não pode investir num sistema mais econômico tem que reduzir o tempo no banho, não há outra saída. O gerente de serviços da Copel na Região Norte do Paraná, Aparecido Alberto Tomazeli, explica que o chuveiro elétrico tem ainda mais impacto no consumo de energia no inverno, porque trabalha na potência máxima para aquecer a água. Mas ninguém precisa tomar banho gelado durante o período mais frio do ano. "Não tem problema deixar o equipamento no máximo, desde que o tempo de utilização seja o mínimo. O consumo está sempre relacionado ao tempo de uso", alerta.

A forma como são usados o ferro e o forno elétricos, a geladeira e o ar-condicionado também influencia na conta. A recomendação, no caso do ferro, é acumular o máximo de roupas possível e passá-las de uma só vez. É durante o tempo de aquecimento que o equipamento consome mais energia. Outra dica importante é não perder tempo demais passando uma roupa sem necessidade e deixar para dobrar todas elas ao final do processo, pois isso economiza o tempo de uso. Máquinas com opção de secagem, muito utilizadas no inverno, também consomem muita energia. Portanto, o uso deve ser moderado.

Se a regra é economizar, a orientação é evitar abrir a geladeira "para pensar" e determinar, antes, o produto que deseja pegar. Também é interessante verificar as condições da borracha da porta para garantir que ela não fique "aberta" e consuma mais energia. Outra dica dos especialistas é não guardar alimentos quentes no refrigerador, nem colocar roupas para secar atrás do equipamento, pois isso força o motor a trabalhar mais. No inverno, é importante deixar o aparelho ligado na potência mínima, que é suficiente para refrigerar os alimentos no período mais frio do ano.

O forno elétrico, apesar de prático, deve ser usado com cautela. Dependendo da frequência de uso, acaba pesando mais conta de energia e representando um custo mais alto do que o tradicional forno a gás. Já o uso do ar-condicionado, presente hoje em um número maior de residências, também pede alguns cuidados. Para aproveitar ao máximo o equipamento, é necessário fechar bem o ambiente que será resfriado, para não haver troca térmica. O gerente de serviços da Copel, Aparecido Alberto Tomazeli, diz que a temperatura ideal para conforto, num dia quente, é de 25 graus. Ele reforça a importância de usar a temperatura adequada para economizar.

Aquecedores elétricos, além de consumirem muita energia, são perigosos, segundo o engenheiro eletricista José Augusto Coeve Florino. "Deixam os ambientes muito secos e podem causar acidentes", alerta. Instalações elétricas mal feitas também podem resultar em princípio de incêndio. Por isso, é fundamental consultar um engenheiro eletricista na hora de construir ou reformar o sistema. "É preciso fazer o dimensionamento correto dos condutores, fios, cabos. Se receberem uma quantidade de corrente maior do que são capazes, poderão aquecer demais e consumir mais energia", explica.

Tirar eletrodomésticos e eletrônicos da tomada pode reduzir em até 5% a conta de energia, mas as chances de diminuir a vida útil ou mesmo queimar os equipamentos são grandes. "Não existe um estudo que determine se é positivo ou negativo", afirma Aparecido Alberto Tomazeli. A dona de casa Fátima Ferreira Barrinuevo, que mora em Londrina com o marido e duas filhas, conta que só tira os aparelhos da tomada quando vai viajar. Para ela, o que pesa mais na conta são os aparelhos de ar-condicionado, instalados em dois quartos. Para economizar, ela reduziu o tempo de uso e decidiu manter os ventiladores de teto nos mesmos cômodos. O uso do ferro de passar e do chuveiro também é controlado.