A possibilidade de ter uma renda fixa mensal é um dos principais motivos que levam investidores a aplicar parte do dinheiro que possuem em bens imóveis. Só que esse investimento pode se transformar em despesas e dor de cabeça se a casa ou apartamento ficarem muito tempo fechados. Em Londrina, o mercado de locações ainda sofre os efeitos da crise econômica. O presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Londrina (Sincil), Marco Antonio Bacarin, diz que a oferta de imóveis desocupados é grande na cidade, principalmente de espaços comerciais. O prazo médio para locação tem passado de 120 dias.

É por isso que a preparação do imóvel é um dos fatores determinantes para acelerar a locação. O comerciante Edson Aparecido Trovo Junior sabe bem disso e, para manter suas propriedades sempre ocupadas, diz que cuida delas como se fosse para ele mesmo morar. Na opinião de Junior, o sucesso do investimento começa logo na escolha do bem. "Antes de comprar um imóvel, eu estudo bastante. Procuro optar por locais estratégicos da cidade", afirma. Além disso, o comerciante conta que prefere investir um pouco mais em materiais de acabamento e móveis planejados de qualidade e boa durabilidade para não só atrair o interesse dos locatários, mas também reduzir os custos com manutenção.

A corretora de imóveis Claudia Vieira dos Santos destaca que a localização é um dos fatores determinantes na decisão de locar ou não um imóvel. Segundo ela, os londrinenses buscam qualidade de vida, ou seja, morar perto do trabalho ou da escola dos filhos, estar próximo a mercados, academias, e espaços de lazer. Por isso, é importante observar o que há no entorno na hora de investir em um bem para locação. O presidente do Sincil confirma que o preço não é o primeiro item a ser considerado na hora alugar. "Tem gente que prefere pagar mais por um imóvel que vai oferecer mais qualidade de vida", garante.

Imagem ilustrativa da imagem Alugue seu imóvel mais rápido



Só que não basta investir em uma casa ou apartamento bem localizado e mantê-lo conservado se, na hora de anunciá-lo para locação, não contar todas essas vantagens aos possíveis interessados. Um anúncio bem elaborado faz toda a diferença para que o bem seja ocupado mais rápido. Segundo Cláudia dos Santos, é importante detalhar o máximo de informações possível e não se esquecer de mencionar a infraestrutura disponível no entorno do empreendimento. Levando em consideração que a maioria dos interessados em alugar um imóvel faz pesquisas pela internet, é importante caprichar também nas fotos. "Tem gente que coloca 50 fotos no anúncio, todas ruins, sendo que quatro ou cinco fotos dos ângulos certos seriam suficientes", aponta Marco Antonio Bacarin.

O presidente do Sincil diz que os ambientes devem ser fotografados com destaque para os itens diferenciais do imóvel, lembrando que os cômodos devem estar limpos, iluminados e bem organizados. "No banheiro, não é interessante mostrar o vaso sanitário em detalhe, porque é um item indispensável, melhor focar no box", exemplifica. Também é bacana, segundo Bacarin, colocar pelo menos uma imagem da vista da janela para fora, no caso de apartamentos. Em outras palavras, o proprietário precisa qualificar o imóvel que possui para chamar a atenção dos locatários. Só que é importante ser transparente, para economizar tempo de todos na negociação.

PREÇO COMPETITIVO
Agora, é hora de pensar no preço. Marco Antonio Bacarin lembra que o que compõe o valor de locação é o porte do empreendimento, localização e infraestrutura. Segundo ele, o Sindicato da Habitação e Condomínios de Londrina (Secovi) divulga, a cada 90 dias, uma tabela de preços médios de locação por região da cidade. É possível também se informar sobre valores nas próprias imobiliárias. A composição do valor merece toda a atenção do locador, que precisa oferecer preços competitivos para não ficar com o bem parado.

No caso de apartamentos, Bacarin diz que o proprietário do imóvel deve especificar o valor médio do condomínio, porém não é recomendável fazer um preço fechado para o locatário – valor fixo de aluguel mais condomínio –, porque as taxas condominiais podem variar mês a mês e o locador pode ficar no prejuízo. É bom lembrar ainda que, em tempos de crise, é melhor ser flexível na negociação e até ceder um pouco para manter o imóvel ocupado. De acordo com Bacarin, quando o bem fica parado, o proprietário, além de não ganhar, precisa tirar dinheiro do bolso para arcar com despesas de condomínio, manutenção e vigilância.

Conhecer a legislação é importante
A corretora de imóveis Claudia Vieira dos Santos lembra da importância de o proprietário estudar as leis que regem a locação para elaborar um bom contrato. "É necessário conhecer os direitos e deveres do locatário", afirma. Caso o locador não queira se preocupar com essa questão, é possível designar esse trabalho para um profissional especializado, credenciado no Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Paraná (Creci-PR). E, claro, as imobiliárias também assumem esse papel e garantem tranquilidade ao locador.

O gerente da GS Marin Imóveis & Empreendimentos, Claudio Hideki Kani, diz que, além de elaborar o contrato de locação dentro da lei, as imobiliárias lidam com outras questões em nome dos proprietários, como a resolução de eventuais problemas relacionados à manutenção do imóvel e o reajuste no valor do aluguel. Kani lembra ainda que as imobiliárias se responsabilizam pela vistoria tanto na entrada como na saída do imóvel. "Precisamos garantir que o inquilino entregue o imóvel nas condições que ele o pegou", afirma.

Ainda sobre o contrato de locação, o presidente do Sincil, Marco Antônio Bacarin, acrescenta que o documento deve especificar quais despesas de manutenção são do inquilino e quais serão assumidas pelo locador. "O contrato deve incluir detalhes como de quem será a responsabilidade pelo pagamento do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), por exemplo", aponta. Quanto maior o detalhamento, melhor.

Para que o negócio seja vantajoso, é interessante estabelecer um prazo mínimo de um ano para a locação. "Não é proibido alugar por menos tempo, mas não é recomendável", afirma. Bacarin lembra que as mudanças nas leis favoreceram bastante o locador, que consegue retomar o imóvel mais rápido em caso de inadimplência.

É isso que deixa o comerciante Edson Aparecido Trovo Junior bastante tranquilo para ser flexível e não exigir fiador para a locação. "Claro que não alugamos para qualquer pessoa, mas dentro de um contrato bem feito, nunca tive problema", conta. Além de cuidar dos detalhes do contrato, Junior diz que pede a antecipação do valor equivalente a dois aluguéis como garantia.

O gerente da GS Marin, Claudio Kani, confirma que uma extensa lista de exigências para a locação só dificulta o fechamento de negócios. Só que, apesar de o processo estar menos burocrático, a imobiliária não abre mão da assinatura do fiador. Para concluir a negociação, Kani diz que a empresa analisa os documentos pessoais, declaração do imposto de renda e a matrícula de pelo menos um imóvel em nome do fiador. "Para nós, a documentação do fiador é ainda mais importante que a do inquilino", aponta. Claro que o histórico financeiro do locatário também é analisado com cautela. "Fazemos uma consulta ao Serasa e só brecamos o negócio se o interessado tiver muita restrição", afirma. Segundo ele, se a documentação estiver em dia, o contrato pode ser assinado em até uma semana. (A.S.)