João Batista perdeu a visão aos 20 anos e hoje canta na feira:"Isso aqui é minha alegria"
João Batista perdeu a visão aos 20 anos e hoje canta na feira:"Isso aqui é minha alegria"



"Eu escolhi ter a feira como palco. E ela não teve outra opção a não ser me aceitar." É assim que João Batista, de 63 anos, define seu entrosamento de quatro décadas com as feiras livres. Ele canta três vezes por semana, acompanhado de um violão e de seu banquinho. No repertório, canções sertanejas, de duplas como Leandro e Leonardo, e algumas religiosas, do Padre Zezinho.

Alguns frequentadores cantarolam um trechinho enquanto passam apressados, outros param para ouvir por alguns instantes e, mais raros, alguns estacionam para cantar ao lado de Batista. Quem gosta deixa uma moeda ou uma nota na caixinha. Quem gosta muito compra um dos CDs que o cantor já gravou. "Isso aqui é meu viver, a minha alegria", sintetiza.

Ainda criança ele teve o diagnóstico de uma retinose pigmentar, doença hereditária que causa a degeneração da retina. Aos 20 anos perdeu totalmente a visão, mas não a vontade de cantar. "Poucas pessoas enxergam o mundo dos cegos. Mas é um mundo de imagens. Com tudo o que ouço, sei exatamente o que se passa aqui na feira. Também tenho a graça de ter uma boa memória. Calculo que tenho na cabeça entre 500 e 600 músicas. Por isso, quero viver mais 300 anos. A vida é uma maravilha", finaliza Batista, entoando, logo em seguida, "Não aprendi dizer adeus".(W.S.)