Projeto da UEL é focado, sobretudo, em energia solar e biodigestor; aliada a outros sistemas, produção será aproveitada na própria universidade e trará redução de custos
Projeto da UEL é focado, sobretudo, em energia solar e biodigestor; aliada a outros sistemas, produção será aproveitada na própria universidade e trará redução de custos | Foto: Gustavo Carneiro 05-06-2017



Um projeto da UEL (Universidade Estadual de Londrina) foi aprovado em uma chamada pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) voltado para instituições de ensino superior públicas para encontrar mecanismos que possibilitem melhorar a eficiência energética. Com isso a universidade terá R$ 4,9 milhões para aplicar em um projeto classificado pelo prefeito do Campus Universitário, Dari de Oliveira Toginho Filho, como algo único. "Não tivemos editais semelhantes a esse antes. O projeto de Eficiência Energética Prioritário e de Pesquisa e Desenvolvimento Estratégico (P&D) vincula um projeto de pesquisa e desenvolvimento de eficiência energética a um projeto de eficiência energética propriamente dito", expõe. Ele explica que a diferença é que um deles procura inovação e desenvolvimento na área de educação sobre eficiência energética e o outro foca na substituição de equipamentos ineficientes ou pouco eficientes e naquilo que é conhecido como geração de energia incentivada, conceito previsto a partir da legislação criada em 2013.A energia incentivada provém de pequenas centrais hidrelétricas; de empreendimentos hidroelétricos com potência instalada de 1 MW ; e de empreendimentos de fonte solar, eólica, biomassa e cogeração qualificada. No caso da UEL a opção foi pela fonte solar e pelo uso de biodigestor. "Em razão do pouco intervalo não tivemos como trabalhar a energia eólica ou exploração do ribeirão Esperança para produção de energia hidrelétrica. Precisaríamos de licença ambiental e de mais tempo de elaboração do projeto, mas nada impede que possamos implantar isso no futuro", justifica.

Ele afirma que uma das frentes do plano aprovado prevê que a UEL irá trabalhar na área de pesquisa com resíduos gerados no campus universitário para gerar vários produtos úteis com o tratamento adequado. "Uma das linhas é usar sobras de alimentos do RU (restaurante universitário); resíduos de animais da granja da fazenda escola; e material resultante da poda e do corte de grama para colocar em um processo de tratamento, que pode ser um biodigestor ou um gaseificador. Teremos como resultado a geração de biogás, e o material sólido que sobrar, que é fibroso, será encaminhado para a compostagem para a produção de adubo. O resíduo líquido também poderá ser utilizado como fertilizante", explica.

Segundo ele, o delineamento contempla a aquisição de um gerador que irá coletar o gás produzido pelo biodigestor e essa energia elétrica será colocada na rede de energia elétrica da universidade. "A UEL possui uma rede elétrica própria, que faz a ligação das nossas unidades, e só há uma entrada de energia, que é lá da Copel. O nosso plano contempla a aquisição de um gerador que irá coletar o gás e essa energia elétrica será colocada na rede de energia elétrica da universidade", aponta.

TECNOLOGIA VOLTAICA
O desenho também prevê a instalação de módulos produtores de energia a partir de tecnologia fotovoltaica. "São aquelas placas de produção de energia elétrica a partir da energia solar. Mas não confunda com a placa solar de aquecimento de água. Com a fotovoltaica eu consigo produzir e inserir energia elétrica no meu sistema. A expectativa é que tenhamos uma área de 1,6 mil metros quadrados de superfície de coleta. A plena potência pode produzir 250 mil watts e com isso vamos demandar menos energia da Copel porque estaremos produzindo aqui", projeta Toginho Filho.

Trata-se de uma boa notícia, já que a comunidade universitária da UEL é composta por 22.980 pessoas, das quais 18.068 são alunos e 4.912 são servidores (professores e técnicos administrativos) e possui o consumo médio mensal de 660 mil kWh. De acordo com o prefeito do Campus Universitário,Dari de Oliveira Toginho Filho, isso equivale ao consumo de uma cidade de 13.200 habitantes, se considerarmos 3.300 residências que consumam em média 200 kWh/mês que abriguem famílias de 4 pessoas. "Isso vai ser tratado legalmente, dentro das normas. Estamos cuidando de todos os trâmites para que esteja dentro das especificações do edital e também para que tudo esteja dentro das normas técnicas", aponta.

Pela Copel, a potência contratada de entrada de energia elétrica na UEL é de 2.300 kW (kilowatts). Os sistemas de produção de energia previstos nesse projeto preveem a produção de 250 kW, ou seja, pouco mais de 10% da demanda, isso a pleno sol. "Por mês temos uma média de gasto girando em torno de R$ 320 mil. O projeto também prevê a substituição de equipamentos ineficientes ou pouco eficientes; a substituição de lâmpadas de vapor de mercúrio por lâmpadas de LED; instalação de medidores de consumo entre as torres de energia da UEL para identificar quais setores possuem um consumo maior. Somando tudo isso à geração incentivada podemos chegar a 15% de redução de despesa com energia elétrica (R$48 mil)".

Substituição de equipamentos para reduzir os custos
Sobre a substituição de equipamentos o prefeito do Campus exemplifica com os equipamentos que produzem água destilada. "Será realizada a substituição desses equipamentos que são onerosos no consumo tanto de energia como de água. Vamos substituir por filtros por osmose reversa, que possibilitará a produção da mesma quantidade de água destilada por um custo menor", expõe.

A mesma coisa será realizada com a substituição dos climatizadores e aparelhos de ar condicionado. "Vamos substituir alguns desses equipamentos em ambientes administrativos, já que geralmente não existem editais de aquisição para esses espaços. Há também uma estimativa de que a UEL possua 25 mil lâmpadas de vapor de mercúrio de 40 W (Watts). Pelo projeto queremos substituir 10 mil dessas lâmpadas por lâmpadas de LED", explica. Ele aponta que a diferença é que a luminosidade da lâmpada de mercúrio de 40W é equivalente a luminosidade produzida por uma lâmpada de LED de 20W. "Só aí eu reduzo o consumo pela metade e há a vantagem da manutenção ser menor. A lâmpada de mercúrio eu tenho de trocar a cada quatro ou cinco mil horas, já a lâmpada de LED eu troco depois de 25 mil horas. Com isso eu reduzo a carga horária do servidor que realiza essas trocas e também não vou precisar do reator, já que as lâmpadas de LED já possuem um dispositivo interno", enaltece o prefeito do campus.

Outra frente é o acompanhamento para fazer a gestão de onde está se gastando mais ou menos energia elétrica. "Nós temos torres de energia e a elas serão incorporados medidores para saber quais setores possuem um consumo maior para poder fazer um trabalho de gestão interna", aponta.

Segundo a assessoria de imprensa da Copel, cinco projetos foram aprovados, de quatro universidades públicas do Paraná, totalizando um investimento previsto da ordem de R$52 milhões em ações de que incluem a substituição de equipamentos de iluminação e instalação de microgeração fotovoltaica nas universidades, por exemplo.

Além da Universidade Estadual de Londrina, tiveram projetos aprovados a Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná, nos campi de Curitiba e Pato Branco. As instituições terão um ano para a execução dos projetos de eficiência energética, com mais um ano de monitoramento dos resultados. Já os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento terão prazo de três anos para execução. (V.O.)