Concentração dos grevistas está marcada para as 10 horas na Avenida Leste-Oeste, em frente ao Terminal Urbano
Concentração dos grevistas está marcada para as 10 horas na Avenida Leste-Oeste, em frente ao Terminal Urbano | Foto: Marcos Zanutto


As centrais sindicais decidiram superar as divergências e prometem paralisar o País na próxima sexta-feira (28), com a convocação de greve geral nacional contra as reformas Trabalhista, Previdenciária e de Terceirização Irrestrita. Órgãos públicos federais, estaduais e municipais deverão suspender as atividades, assim como alguns setores importantes da iniciativa privada, como o bancário e de transportes. A orientação dos movimentos sindicais é interromper integralmente os serviços durante todo o dia para alertar o presidente Michel Temer que os trabalhadores não aceitarão medidas que na prática teriam o efeito de cortar direitos garantidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e provocar o desmonte da Previdência Pública. Em Londrina, a expectativa é que 20 mil pessoas saiam às ruas em protesto contra as mudanças propostas pelo governo federal.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) em Londrina, Márcio André Ribeiro, espera contar com a adesão de grande parte dos cerca de 6 mil profissionais da rede estadual de ensino, em 70 escolas. No Paraná, passa de 120 mil o número de educadores. "Estamos fazendo uma divulgação bem forte para a categoria toda e na semana que vem vamos encaminhar para as escolas, pais e responsáveis um comunicado explicando os motivos dessa mobilização nacional, explicar todo o contexto e a importância de nos posicionarmos publicamente sobre as mudanças", disse o sindicalista. "A nossa categoria está entendendo bem a gravidade da situação. Entendemos que essas medidas propostas pelo governo federal não podem ser consideradas reformas porque não se faz reformas para piorar, só para melhorar. A terceirização já passou pelo Congresso e o desmonte da CLT é muito grave, o quadro de direitos trabalhistas tende a piorar muito e o direito à aposentadoria poderá deixar de existir", argumentou.

O Sindicato dos Profissionais das Escolas Particulares de Londrina e Norte do Paraná (Sinpro) também orienta professores e funcionários das escolas particulares, inclusive dos centros de educação infantil filantrópicos e universidades privadas, a suspenderem as atividades na sexta-feira. No portal do Sinpro, a entidade informa que a adesão à greve foi aprovada em assembleia extraordinária realizada em 17 de abril. Embora a suspensão das atividades seja facultativa a cada estabelecimento de ensino, o sindicato promete realizar panfletagens na sexta-feira, a partir das 7 horas, em frente às instituições que optarem por manter o funcionamento.

Na Universidade Estadual de Londrina, as atividades também serão suspensas no dia 28. Segundo Adão Brasilino, secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Técnico-administrativos da Universidade Estadual de Londrina (Assuel-Sindicato), que representa os servidores, "o campus da UEL vai parar totalmente" e apenas entre servidores e seus familiares, são esperadas 3,5 mil pessoas para engrossar o movimento. "Mas os alunos e os professores também vão aderir à greve."

No Hospital de Clínicas (HC), Hospital Universitário (HU) e Hospital Veterinário (HV), os atendimentos serão mantidos, mas o tempo de espera será maior. "Quem nos procurar no dia da greve vai demorar um pouco mais para ser atendido, a fila vai ser um pouco maior, mas ninguém vai ficar sem atendimento nos hospitais", garantiu Brasilino.

TRANSPORTE
No setor de transportes, a maioria dos trabalhadores do serviço de transporte coletivo, o que mais afeta a população quando deixa de ser oferecido, também promete parar, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Londrina (Sinttrol), João Batista da Silva. Na cidade, o sistema emprega 1,6 mil profissionais, sendo 1,3 mil motoristas e cobradores. "Realizamos uma assembleia na quinta-feira (20) e a esmagadora maioria dos participantes votou a favor da paralisação no dia 28. Foram quase 800 votos a favor da greve", comemorou.

Trabalhadores do Transporte Coletivo de Londrina "anunciam" a greve
Trabalhadores do Transporte Coletivo de Londrina "anunciam" a greve | Foto: Marcos Zanutto



Silva ressaltou, porém, que ao contrário da paralisação do último dia 15 de março, quando os ônibus deixaram de circular por quase toda a manhã, desta vez houve uma pressão "muito forte" das empresas antes da votação em assembleia no sentido de tentar desmobilizar a categoria. "Mesmo assim, tivemos uma votação expressiva", disse o sindicalista. "Mas estamos otimistas em relação a adesão dos trabalhadores porque sabemos que eles vão se conscientizando aos poucos e eu percebi uma receptividade muito grande ao movimento", acrescentou.

A presidente do Sindicato dos Bancários de Londrina e Região, Regiane Portieri, frisou que a categoria também é contrária às reformas trabalhista e previdenciária e à terceirização. "Estamos chamando toda a nossa categoria para participar. Temos que lutar com o povo na rua e estamos nos organizando há um mês junto com os demais sindicatos", contou. Conforme Regiane, representantes do Sindicato dos Bancários estarão nas portas das agências do Calçadão durante a manhã de sexta-feira para chamar os trabalhadores a participar do protesto. O funcionamento ou não das agências dependerá da adesão dos funcionários.

IGREJA
A Arquidiocese de Londrina também se posicionou contra as reformas. Para o bispo da Diocese de Cornélio Procópio, d. Manoel Francisco, administrador apostólico da Arquidiocese de Londrina até a nomeação de um novo arcebispo, as reformas comprometem diretamente os direitos da população. Ele conclamou a comunidade católica a participar da paralisação nacional. "Estamos vivendo o tempo da Páscoa, que significa passagem de uma situação de morte para uma situação de vida. As reformas são ameaças sérias à vida do brasileiro, do povo trabalhador. Nossa Páscoa será vazia de sentido se ficarmos apenas assistindo. Vamos nos mobilizar", incentivou.

ATO PÚBLICO
A mobilização dos grevistas deve começar logo no início da manhã, mas a maior concentração está marcada para as 10 horas, na Avenida Leste-Oeste, em frente ao Terminal Urbano. De lá, os manifestantes deverão seguir em passeata em direção à Concha Acústica, onde está prevista a realização de um ato público que deve se estender até às 15 horas. Mais de 30 entidades sindicais estão envolvidas no movimento grevista e a expectativa é reunir cerca de 20 mil pessoas em Londrina. Colaboraram Celso Felizardo e Viviani Costa